303 anos: magistrados cuiabanos de ‘tchapa e cruz’ e ‘paus rodados’ destacam amor por Cuiabá

303 anos: magistrados cuiabanos de ‘tchapa e cruz’ e ‘paus rodados’ destacam amor por Cuiabá
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Cuiabana de tchapa e cruz, a presidente do Poder Judiciário de Mato Grosso, desembargadora Maria Helena Gargaglione Póvoas, guarda na memória as lembranças de brincar com outras crianças nos famosos quintais cuiabanos, repletos de frondosas mangueiras. “Era uma meninice muito diferente de hoje, com WhatsApp e internet. Os pais não precisavam ter cuidados especiais com as crianças, não se tinha notícias de crimes bárbaros como hoje”, lembra a magistrada.
Foi na Capital mato-grossense que a magistrada concluiu o curso de Direito, na Universidade Federal de Mato Grosso, e iniciou a carreira de advogada, em 1983. E nessa cidade a desembargadora foi galgando importantes degraus, primeiro na advocacia, como conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso e como presidente da OAB/MT por dois mandatos, e depois como desembargadora do Tribunal de Justiça, chegando à Presidência do Tribunal Regional Eleitoral (2015/2017) e à Presidência do Poder Judiciário de Mato Grosso (2021/2022).
À cidade onde nasceu, cresceu e trilhou toda a sua trajetória profissional, a desembargadora Maria Helena Póvoas presta uma singela homenagem. “Neste 8 de abril, nossa maior homenagem a Cuiabá, essa terra querida, de gente aguerrida, alegre e acolhedora, é continuar trabalhando para garantir uma justiça com mais eficiência, equidade e inclusão. Parabéns, Cuiabá!”
Nascido e criado em Cuiabá, onde seguiu os passos do pai na magistratura, o juiz Francisco Alexandre Ferreira Mendes Neto, da 13ª Vara Criminal da Capital, conta que seu maior orgulho é ter seguido a mesma carreira do pai e em seu estado de origem. “Completei 60 anos no dia 14 de março e só saí de Cuiabá para fazer o colegial e depois faculdade no interior de São Paulo. Mas o meu retorno para Cuiabá era iminente, nunca quis sair de Mato Grosso. Meu sonho era ingressar na magistratura aqui”, revela o magistrado.
Ele conta que só prestou concurso para a magistratura em Mato Grosso, apesar dos vários convites que recebeu para que concorresse em outros estados. “Eu nunca quis. Minha vida toda é pautada em Cuiabá! Depois que passei, só saí daqui para morar no interior por força do concurso. Mas nunca na minha vida tive intenção de sair daqui. Meu sonho era seguir a carreira do meu pai na magistratura. Meu pai foi juiz de carreira, desembargador, inclusive a avenida em frente ao Fórum tem o nome dele: Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes”, conta.
Cuiabano apaixonado pela cidade natal, Francisco diz que não troca o calor cuiabano por nada. E não é apenas do clima a que ele se refere. “Aqui tem o calor humano. Além disso, sem dúvida tem a culinária também. Peixe, escaldado… eu adoro! E, profissionalmente falando, temos a edificação do Fórum, que é bem confortável. Sem falar na receptividade e na simplicidade do povo cuiabano, assim como as tradições locais. A família cuiabana tem tradição”, observa o magistrado.
Outra magistrada apaixonada pela cidade de Cuiabá é juíza Maria Rosi de Meira Borba, que atualmente atua no Juizado Especial Criminal Unificado de Cuiabá. Ela chegou a desempenhar a função de promotora de Justiça em Goiás, mas acabou optando por Mato Grosso e mora na Capital há uma década e meia. “Há 15 anos Cuiabá já era uma bela cidade. Mas o que me atraiu para cá sempre foi a acolhida das pessoas. A aceitação de quem vem de fora como se fosse daqui. Isso sempre me chamou atenção e foi o principal motivo pelo qual eu aceitei Cuiabá como minha cidade, por escolha.”
Nascida no Paraná e criada no Tocantins, a juíza Maria Rosi se diz 100% cuiabana. “Eu poderia estar em muitos lugares, mas escolhi estar aqui. É uma escolha pessoal e isso me alegra muito. Aqui eu fiz meus amigos, aqui criei meu trabalho social, aqui eu cumpro a minha missão de ser magistrada. Então, é uma escolha. E eu sou 100% cuiabana. Sabe que eu nem me lembro de outra cidade que não seja Cuiabá? Para morar, não”, assegura.
À cidade que a recepcionou tão bem, a magistrada é pura gratidão. “Sou grata por cada amigo que fiz aqui, por cada oportunidade de trabalho que eu tive, e o reconhecimento de que mesmo podendo pousar em tantos lugares, foi aqui que eu escolhi para viver e vai ser aqui até o fim.”
Nascido em Goiás, o juiz Antônio Veloso Peleja Júnior conta que o que mais valoriza em Cuiabá é o povo acolhedor, a cultura, a história e a culinária, como o famoso bolo de arroz. “A forte valorização da cultura, em seus variados aspectos, é uma característica de Cuiabá, o que a torna bastante acolhedora. Sou de Goiás e encontrei muito da cultura goiana, da cidade de Vila Boa de Goiás, antiga capital, em Cuiabá ou, posso dizer, há muito da cultura cuiabana em Goiás”, pontua.
Conforme o magistrado, algumas raízes culturais que ecoam há décadas em seu Estado natal foram encontradas no seu Estado de adoção, na cidade que ele escolheu para viver. “Por tudo isso, sinto-me um privilegiado por residir em Cuiabá!”
O atual juiz diretor do Foro de Cuiabá, Lídio Modesto da Silva Filho, nasceu na Capital e se diz cuiabano do “Coxipó da Ponte”. Ele também ressalta as características do povo local. “O povo cuiabano é conhecido internacionalmente como acolhedor, caloroso, que bem recebe a todos que aqui vem. Tanto é verdade que hoje são poucos cuiabanos aqui em Cuiabá, pois recebemos muito bem as pessoas. Eu, como cuiabano do [rio] Coxipó da Ponte, posso afiançar com muita convicção que o desejo que o cuiabano tem é de bem receber a todos que aqui visitam e todos que aqui querem viver.”
Sobre a cidade de Cuiabá, que nesta sexta-feira (8 de abril) completa 303 anos, o magistrado é rico em elogios. “É uma cidade histórica, espetacular, de costumes antigos. Temos um linguajar específico e peculiar, que chama a atenção e revela mais uma beleza do povo cuiabano. É muito bonita essa diversidade de modos de se manifestar que o Brasil tem, e Cuiabá está aí, no centro desse modo de falar que chama a atenção de todos.”
O juiz Lídio Modesto enaltece ainda a cultura e a culinária. “Temos, em todos os segmentos da arte, representantes aqui e no mundo. E temos a nossa culinária. O cuiabano, além de ser um bom artista, é um bom artista na cozinha. A culinária cuiabana chama atenção mundo afora. Pessoas do mundo inteiro vem aqui para conhecer o nosso peixe, nossa farofa de banana, nossa “peraputanga”, nosso pacu assado, nossa mojica de pintado. Temos muito a oferecer”, assinala.
Dicionário cuiabano:
1. Tchapa e cruz = cuiabano autêntico
2. Pau rodado = nascido fora de Cuiabá
Lígia Saito
 TJMT

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