CELEBRAÇÃO DE CORPUS CHRISTI

CELEBRAÇÃO DE CORPUS CHRISTI
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É comprovadamente a homenagem ao Corpo do Senhor mais antiga celebrada pela Igreja Católica Romana, merecidamente. Diferente da Páscoa, que é um feriado nacional, o Corpus Christi é apenas uma data comemorativa e algumas cidades podem declarar ponto facultativo.

O Corpus Christi foi instituído como uma nova data comemorativa e não adaptada de uma tradição anterior, como acontece com a Páscoa, por exemplo. A festa surgiu por iniciativa do papa Urbano 4º, que instituiu o Corpus Christi oficialmente por meio da Bula Transiturus, em 8 de setembro de 1264. Só 758 anos!

Conta a história, que nos seus tempos como padre, conheceu uma freira belga que tinha visões, conhecida como Santa Juliana.

Ela relatava que Cristo falava com ela e havia pedido que a Eucaristia fosse celebrada com honra. Por isso, quando Urbano 4º se tornou papa, instituiu a data comemorativa no calendário de celebrações.

O objetivo da festa é comemorar a instituição da Santa Ceia por Jesus que acontece sempre na quinta-feira, 60 dias após a Páscoa, porque a última ceia de Jesus foi numa quinta-feira (Mt 26,17-30; Mc 14,12-26; Lc 22,7-39; Jo 13-17). A festa é marcada por procissões pelas ruas com o Pão da Eucaristia.

A Celebração se realiza com procissões pelas vias públicas, Missa e adoração ao Santíssimo Sacramento, com o objetivo de estimular, entre os fiéis, o espírito de unidade e fraternidade, por meio do mistério da Eucaristia – o Sacramento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo.

Em artigos publicados no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bispos opinam sobre o real significado desta celebração na vida do povo cristão.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer e arcebispo de São Paulo (SP), em artigo publicado, afirma que o Corpus Christi “destaca o dom da Eucaristia e coloca em evidência os mistérios centrais de nossa fé e da vida cristã”.
“Saímos de nossas igrejas e vamos, com Jesus na Eucaristia, para as ruas e praças de nossas cidades, anunciando que ‘Ele está no meio de nós’ e habita conosco e orienta nossa história; nossas atividades cotidianas, nossas ocupações profissionais e responsabilidades sociais, nosso convívio social, nada disso é indiferente à nossa fé: em tudo somos ‘testemunhas de Deus’, discípulos missionários de Jesus Cristo.

No artigo intitulado por ‘Festa do Corpo de Deus’, Dom Canísio Klaus bispo de Santa Cruz do Sul (RS), afirma que Corpus Christi é uma “manifestação pública de fé, Corpus Christi é a festa da comunhão e da ação de graças. Por meio dela, enquanto se elevam hinos de ação de graças, se expressa também o desejo de viver uma íntima relação com Deus e uma fraterna comunhão com os irmãos.

Para Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, a solenidade traz à tona a reflexão das responsabilidades cristãs, perante a vida e o Evangelho. “É a grande solenidade que nos pergunta sobre o Mistério da presença de Deus na história e em nossa vida. É também uma oportunidade de, nestes tempos de perda de valores, principalmente do esquecimento de Deus, cada um de nós nos recolocarmos a caminho d’Aquele com quem já nos encontramos, mas que necessitamos de continuar buscando-O ainda mais. Esta solenidade coloca-nos no centro e sentido de todas as demais celebrações.”

Tradição

Em 1983, o novo Código de Direito Canônico – canôn 944 – estipulou que fosse mantida a obrigação de manifestar ‘o testemunho público de veneração para com a Santíssima Eucaristia’ e ‘onde for possível haja procissão pelas vias públicas’. Cada diocese se mobiliza para realizar a celebração, por isso cabe aos bispos escolherem de que forma a festa será promovida, para garantir a participação dos diocesanos.

 

Na festa existe a tradição de enfeitar as ruas com tapetes que cobrem o trajeto por onde passará a procissão de Corpus Christi. Os tapetes são confeccionados geralmente com serragem colorida, flores, vidro moído, pó de café e outros materiais, feitos de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa, mobiliza grande número de fiéis. Essa procissão do povo de Deus, recorda a busca à Terra Prometida. No Antigo Testamento, esse povo foi alimentado com maná, no deserto, e hoje, é alimentado com o próprio Corpo de Cristo.

 

Independente do credo cristão professado e celebrado em diferentes ritos, o ponto facultativo é decretado com finalidade em favorecer que os funcionários e servidores públicos possam, livremente, dedicar-se presencialmente nas suas tradições cristãs. Mas, observa-se que, a cada ano, a participação nas Procissões e Cultos Evangélicos são cada vez menor. Torna-se praxe emendar em “feriadão”, que cristãos e não-cristãos aproveitam a data para viagens, passeios, visitas familiares e até mesmo para o ócio, fugindo totalmente do objetivo para o qual fora criado o ponto facultativo.

 

Toda religião ou credo se faz com presença participativa. Assim, fica o convite veemente para que o Corpus Christi seja, antes de uma celebração comunitária, uma Festa pessoal do coração incendiado pela fé, como dos discípulos de Emaús caminhando lado-a-lado com o próprio Jesus Ressuscitado. Participe!

*Édio Bosco Botelho

  Bematense, Bel. em Direito, escritor

 


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