MT: TEMPESTADE POLÍTICA: Governador tenta impedir racha com irmãos Campos e reforçar base de apoio à sua reeleição

MT:  TEMPESTADE POLÍTICA:   Governador tenta impedir racha com irmãos Campos e reforçar base de apoio à sua reeleição
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Para quem vinha navegando em águas tranquilas, Mauro Mendes se vê agora em meio à redemoinho político que pode levar ao naufrágio sua candidatura à reeleição

As divergências internas no partido União Brasil (ex-Democratas), que vem opondo a ala dos históricos, liderada pelos irmãos senador Jayme Campos e ex-senador Júlio Campos, e o grupo dos neodemocratas do UB, capitaneada por Mauro Mendes e pelo suplente de senador Fábio Garcia, desencadeou uma grande tempestade política que pode colocar a candidatura à reeleição do governador em xeque. Uma reunião entre Mendes e Jayme, realizada na última quarta-feira,16, tentou aparar arestas e tranquilizar o clima tempestuoso que se abateu sobre as bases de apoio político do chefe do Poder Executivo do estado

Já há algum tempo o senador Jayme Campos tem feito duras críticas a forma “centralizadora” de fazer política do governador e de Fábio Garcia. O senador reclama muito especialmente do que classifica como “arrogância e salto alto” da equipe do primeiro escalão do Executivo Estadual e da “falta de diálogo” dentro do grupo. O senador chegou a afirmar que sente “vergonha” de ir ao Palácio Paiaguás ou a alguma secretaria de estado por conta da “falta de respeito e consideração” com que é tratado pelos seus titulares.

“Eu tenho constrangimento muitas vezes de ir ao Palácio ou numa Secretaria de Estado. Não vou em Secretaria, tem Secretaria que não botei meu pé porque dá a entender que sou um adversário. Eu ajudei o Mauro para caramba, 11 candidatos, eu fiz 500 mil votos para senador”, disparou Jayme na semana passada em conversa com jornalistas da capital. “Estou no partido dele, desde que seja respeitado. Para continuar do jeito que está, é tchau tchau, bye bye”, emendou o senador ao ser questionado se apoiaria a reeleição de Mendes ao Governo de Mato Grosso.

As críticas repercutiram como uma bomba incendiária nos corredores do Palácio Paiaguás e até na Assembleia Legislativa, onde o influente deputado Eduardo Botelho, primeiro secretário da Casa Legislativa Estadual, endossou o descontentamento de Jayme Campos. “Tem que dar mesmo tchau [para Mauro Mendes]. E eu, inclusive, vou com ele. Porque se o governo não quer dar atenção aos políticos, não quer ouvir, então que ele fique sozinho. O senador Jayme Campos está corretíssimo,  eu estou junto com ele, eu caminho com ele. Me afasto na hora. Eu estou fechado com Jayme inclusive na reclamação dele. Ele tem que ser respeitado”, detonou Botelho.

Sentindo o cheiro da queimação e a iminência de um racha definitivo dentro do seu próprio partido, Mauro Mendes se apressou em convidar Jayme Campos para uma conversa à dois. Durante o encontro no Palácio Paiaguás, Mendes tentou aparar as arestas e colocar panos quentes na situação reconhecendo que há falhas em sua gestão e problemas de comunicação com o secretariado e a base política da administração.

Na saída da reunião, Jayme Campos avaliou que a conversa foi positiva. No entanto, era visível que o senador estava dando uma segunda oportunidade para que as relações do Executivo com a ala política que lhe dá sustentação melhore nos próximos dias.

Segundo Jayme, o governador se comprometeu a expor aos secretários os pontos de vistas e reclamações da base política. “De uma maneira geral, é obrigação dos secretários [ouvirem os políticos da base]. Tem a parte técnica, mas também tem que fazer a conjugação com a parte política. Conversamos muito. Foi muito boa e esclarecedora a conversa. O próprio Mauro reconheceu que, de fato, muitas vezes há falhas. Agora vamos aguardar e ir para frente", afirmou o senador à imprensa.

REELEIÇÃO EM RISCO?

Os descontentamentos dentro da base política de sustentação do governo de Mauro Mendes vem crescendo há pelo menos dois anos e ganhou dimensões de racha a partir das conversas para a fusão entre o Democratas e o PSL para a criação do União Brasil.

Os irmãos Campos, históricos do DEM, não ficaram satisfeitos com a redistribuição de forças dentro do novo grupo. Aliado a isto, as dificuldades de influenciar em decisões sobre as políticas de Governo sob o comando de Mauro Mendes, que tem um estilo extremamente independente em relação aos detentores de mandatos de sua base, acabaram por agravar os conflitos.

O governador, que vinha até agora, navegando em águas tranquilas rumo a sua reeleição, se vê em meio a um súbito redemoinho político que pode levar ao naufrágio seus planos para as eleições de outubro. O alerta de perigo veio com a aproximação e as conversas entre Jayme Campos e o colega senador Wellington Fagundes, do PL, partido em que o presidente Jair Bolsonaro deve se filiar para buscar a reeleição.

Concretizada a filiação de Bolsonaro ao PL, Fagundes ganha musculatura para ser o candidato dos bolsonaristas para Governo do Estado. Um apoio eventual dos irmãos Campos ao senador liberal obrigaria Mendes e seu grupo a deixar o União Brasil e refazer completamente seus planos eleitorais.

Os atuais índices de aprovação popular da gestão Mauro Mendes e o sucesso de seu Governo, marcado por obras importantes e realizações marcantes, dificilmente sustentariam por si mesmos uma reeleição. Sem os votos de aliados como os irmãos Campos, assim como da ala mais bolsonarista do agronegócio, o governador passaria a ter sérias dificuldades para emplacar um segundo mandato.

A seu favor, Wellington Fagundes contaria ainda com dezenas de prefeitos, que hoje, se ressentem da “frieza” de Mendes no relacionamento com os municípios. Estes prefeitos, talvez a maioria deles até, dariam de bom grado seu apoio para engrossar a base de uma eventual candidatura do senador Wellington, considerado historicamente como um dos maiores municipalistas da bancada de Mato Grosso no Congresso Nacional.

Diante do cenário que tem a sua frente, o governador Mauro Mendes terá que mostrar nos próximos dias que tem habilidade de articulação, sabedoria e argumentos políticos suficientes para restaurar a unidade em sua base. A partir da filiação do presidente Bolsonaro ao PL e o natural revigoramento do nome do senador Wellignton Fagundes como pré-candidato ao Governo do Estado, serão necessários esforços adicionais do governador para impedir que haja uma debandada de lideranças que hoje lhe emprestam apoio. A conferir.

Fonte:     copopular.com


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