Um cena do primeiro capítulo da novela “Êta Mundo Melhor!” gerou revolta no grupo Urban Nomads Brasil, que acusou a Globo de promover “anticiganismo”. “É crime”, classificou a comunidade Romani/Cigana do Brasil e direcionando sua indignação ao Ministério da Igualdade Racial. A trama de Walcyr Carrasco estreou na última segunda-feira (30) com elevada audiência, mas sem oito personagens que foram vistos em “Êta Mundo Bom!”, da qual é uma continuação.
“A novela Êta Mundo Melhor! apresentou, logo em seu primeiro capítulo, uma personagem cigana (Carmem, Cristiane Amorim) que entrega um bebê a uma golpista exploradora de crianças. Essa representação não é apenas irresponsável –é racista”, iniciou o grupo. “O que vimos não foi arte, foi reprodução de estereótipos cruéis e coloniais, como o mito da ‘cigana que rouba ou vende crianças’. Isso não tem base na realidade, apenas reforça um imaginário que já causou dor, perseguição e exclusão aos povos ciganos ao longo dos séculos”, prosseguiu o Urban Nomads a respeito da trama das seis.
O Purepeople aguarda posicionamento da assessoria de imprensa da Globo, envolvida em polêmica com a comunidade LGBTQIA+ em 2024
De acordo com a comunidade, “Êta Mundo Melhor!” promoveu “romafobia” (discriminação contra o povo cigano) e “racismo étnico-cultural”. Em post no Instagram, o grupo afirma que a Globo “tem responsabilidade sobre o conteúdo que transmite”. “E o Estado brasileiro tem a obrigação de agir diante da propagação de imagens que marginalizam ainda mais um povo que já luta por reconhecimento, visibilidade e direitos básicos”, apontou o Urban Nomads.
Em outra parte da carta aberta, o grupo nega que em qualquer momento ciganos tenham roubado crianças. “Não queremos ser vilões exóticos de novelas. Queremos respeito”, exigem. “Por isso exigimos: retratação pública da emissora, nota de repúdio e ação direta do Ministério da Igualdade Racial, inclusão real dos povos ciganos nas narrativas nacionais, e fim da romantização da nossa dor como entretenimento“, listou.
“Chega de racismo travestido de ficção. Chega de silêncio institucional”, concluiu.