A declaração da cantora Preta Gil, ao expressar publicamente o desejo de ser cremada, despertou uma onda de reflexões entre diferentes comunidades religiosas e espirituais do país. Ligada ao Candomblé e conhecida por sua conexão com o Axé, Preta surpreendeu ao optar por um ritual de despedida que, segundo a terapeuta holística Natália Sagrada, é considerado incomum para alguns dentro da tradição afro-brasileira.
Mas será mesmo que existe conflito entre fé, ancestralidade e liberdade espiritual? Para especialista com mais de 25 anos de experiência em rituais de cura e reconexão espiritual, a resposta é clara: a verdadeira espiritualidade transcende o formato e se ancora na intenção da alma.
“A Preta Gil é uma mulher de alma livre e consciência elevada. A cremação, no caso dela, não é uma ruptura com a fé é uma escolha profunda da alma, feita com verdade interior. Isso também é espiritualidade”, afirma Natália.
A terapeuta, que atua com bases do hinduísmo, do Egito Antigo e de diversas tradições místicas, explica que a cremação é um rito antigo e sagrado em diferentes culturas. “No hinduísmo, por exemplo, o corpo é entregue ao fogo, que é considerado purificador. A alma é libertada do plano terreno para seguir sua evolução. É um gesto de reverência, não de negação”, disse.
No caso do Egito Antigo, o foco era a elevação espiritual e o peso do coração símbolo da consciência e dos atos do ser. “O que determinava o destino espiritual não era o ritual em si, mas a pureza do coração. A preparação era espiritual, muito além do corpo físico”, completa Natália.
Mesmo com sua atuação em tradições orientais e ancestrais, Natália Sagrada ressalta que respeita profundamente todas as religiões inclusive o Candomblé, o espiritismo, o catolicismo e outras fés que integram seu trabalho terapêutico: “A espiritualidade não tem fronteiras. Ela se manifesta na energia, na consciência e no amor com que fazemos as escolhas. Atendo pessoas de várias religiões, e todas buscam a mesma coisa: paz para a alma.”
A fala de Preta Gil, ao afirmar que não deseja deixar “restos” e deseja partir de forma mais ecológica e espiritualizada, também ecoa com os tempos atuais em que muitas almas estão despertando para um novo jeito de viver e morrer, segundo Natália.
“Estamos sendo chamados a ter mais leveza, desapego e consciência. Honrar o corpo, sim, mas sem esquecer da Terra, da natureza, dos ciclos. A decisão dela é um gesto de amor com o planeta e com sua própria missão espiritual. E isso é algo bonito de se ver“, completou.