Ao mesmo tempo, governador e parte do PL do condenado Bolsonaro trabalham para tirar Wellington e Medeiros da disputa
Em clima e acenos de ambas as partes, tanto o governador Mauro Mendes como o senador Jayme Campos, ambos dos União Brasil, resolveram se posicionar em relação à disputas eleitoral de 2026, reafirmando seus pontos de vistas e assimilando a possibilidade de apararem as arestas para continuar no mesmo grupo.
Isso após altos e baixos que serviram apenas para desgastar a imagem do partido e de ambos, pois no jogo político do ganha-ganha, invariavelmente, o juiz da partida – no caso, o eleito , opta pelo perde-perde, diante de imposições pessoais.
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Mauro, que flerta nos bastidores com o PL e trabalha para que ol vice-governador, Otaviano Pivetta (Republicanos) migre para bolsonarismo, com a exposição pública detalhadamente planejada, reforçou indiretamente sua pré-candidatura a uma das duas vagas no Senado.
Mas, para não criar mais animosidades, manteve aberta a possibilidade de a outra vaga ser disputada pelol senador de segundo mandato Jayme Campos.
Jayme está no final dos seus oito anos de mandato, o mesmo acontecendo com Carlos Fávaro (PSD), que foi eleito em disputa suplementar em 2020, após a então juíza Selma Arruda (Podemos), eleita em 2018 ,ter sido em 2019 cassada por abuso de poder econômico e compra de votos.
Na defesa do nome de Mauro para uma das vagas de senador da República com as bênçãos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestes a cumprir pena por ter sido condenado pelo STF por liderar uma tentativa de golpe de Estado, os bolsonaristas em Mato Grosso impuseram, de contrapeso, que o chefe do Palácio Paiaguás carregue o deputado federal José Medeiros (PL).
O problema é que fechar chapa sem discussões partidáriasm, sem a certeza de aliança em 2026, torna a disputa no contexto do União Brasil ainda mais instável e com tendência de provocarem um racha, que seria nocivo a qualquer pretensão do partido e de seus candidatos.
Dificilmente, as eleições para o Senado vão concentrar as maiores atenções, que irão recair sobre a disputa para o Governo do Estado, que tende a ter como candidato do grupo o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), caso o governador Mauro Mendes se desincompatibilize.
Só que as investidas de Mauro e Pivetta correm o risco de esbarrar na candidatura do senador Wellington Fagundes (PL), que está no meio do seu segundo mandato. A disputa para governador, como senador, e com quatro anos de mandato, embora não seja favoritos entre os prefeitos das maiores cidades de Mato Grosso, tem a confiança do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto.
Sem acordo, Mauro e Pivetta ainda podem ter outro obstáculo: justamente o senador Jayme como candidato ao Governo do Estado, que teria o aval da cúpula nacional do União Brasil, com a federação com o PP, atrapalha os planos do governador e de seu vice, de permanecerem no poder por 12 anos consecutivos.
Se Jayme Campos vislumbrar uma maior vantagem em disputar o Governo o Senado, coloca um enorme obstáculo para as pretensões de Pivetta e do próprio Mauro, pois torna a campanha eleitoral com resultados improváveis. E ainda outros cenários, como a provável candidatura de Natasha Slhessarenko (PSD) ao Palácio Paiaguás, tendo o ministro da Agricultura, senador licenciado Carlos Fávaro (PSD) como candidato à reeleição.
O cenário da indecisão coloca, no mínimo, quatro candidaturas ao Governo. E, mesmo estando no exercício do cargo, Otaviano Pivetta, tratou de sinalizar que está pronto para construir uma candidatura robusta, mas contando com Jayme, entre outros aliados, dentro dessa mesmas disputa, e não contra a sua pretensão.
Ainda existe a possibilidade de uma candidatura majoritária, que pode acontecer, tanto para o Governo do Estado como para o Senado: a da deputada estadual Janaina Riva, presidente regional do MDB, o que remete a disputa eleitoral para um cenário ainda mais controverso e de resultados imprevisíveis.
A declaração de Mauro, nesta semana, de que Jayme, se assim desejar, pode disputar a reeleição ao seu lado, tem mais de uma interpretação.
A primeira, de que a disputa começa pela unidade partidária e um racha agora prejudicaria o próprio projeto do governador, colocando em risco a situação de ambos, que são líderes partidários.
A segunda interpretação é que tanto ele quanto o próprio Jayme sabem que, dificilmente, se consegue ter sucesso em uma chapa majoritária “pura” para o Governo e para as duas vagas de senador. Então, forçar candidaturas sem entendimentos, com rupturas partidárias internas, pode acarretar problemas e ampliar as chances da oposição.
Este fato só aconteceu nas eleições de 1986, quando Carlos Bezerra (então, PMDB) foi eleito governador, e ainda não existia disputa em dois turnos. Foram eleitos senadores Márcio Lacerda e Louremberg Nunes Rocha, ambos do PMDB. Inclusive, nesee ano, o partido lançou três candidaturas e o terceiro mais votado foi Gastão Müller.
Resta saber se os caciques do União Brasil, hoje Federação Progressista, terão capacidade, com o Republicanos e outros partidos interessados, de caminharem juntos.
Para isso, se faz necessário que alguns recuem para que o grupo seja vencedor. Ou se vão endurecer a disputa e ampliar os riscos de uma eventual disputa mais endurecida e de difícil previsão de resultado favorável.
Fonte: www.diariodecuiaba.com.br