Metodologias distintas e ritmos de atualização tornam o Enem, a Fuvest e a Unicamp provas complementares, com estratégias específicas de estudo, segundo especialista
À medida que os principais vestibulares do país se aproximam, estudantes de todo o Brasil se veem diante de uma dúvida recorrente: afinal, o que diferencia o Enem da Fuvest e da Unicamp?
Segundo Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Educação, uma das principais diferenças está no modelo de correção. “Enquanto a Fuvest e a Unicamp seguem a teoria clássica dos testes, o Enem adota a teoria de resposta ao item, que exige que todas as questões sejam pré-testadas antes de entrarem na prova”, explica o professor.
Esse detalhe técnico tem impacto direto no conteúdo abordado. Como as questões do Enem precisam ser calibradas com antecedência, temas muito recentes ou efemérides históricas dificilmente aparecem. O mesmo vale para assuntos de grande repercussão imediata: a pandemia de Covid-19, por exemplo, só foi abordada no Enem de 2022, dois anos após o início da crise sanitária.
Já a Fuvest e a Unicamp, por elaborarem suas questões mais próximas da aplicação, conseguem incorporar temas contemporâneos com mais agilidade, incluindo acontecimentos políticos, ambientais e sociais que tenham marcado o ano. Esse dinamismo permite que o estudante encontre nas provas reflexos diretos da atualidade.
Temas recorrentes e a importância das conexões
Apesar das diferenças entre os exames, há um conjunto de temas transversais que se repetem ano após ano. Desigualdade social, democracia, urbanização, racismo, fake news, feminicídio, inteligência artificial e diversidade cultural são alguns dos tópicos mais presentes, tanto no Enem quanto nos vestibulares tradicionais.
Esses assuntos costumam ser explorados de forma interdisciplinar, exigindo que o candidato relacione áreas como geografia, sociologia, biologia e história em uma mesma reflexão. Questões sobre enchentes, por exemplo, podem abordar desde impactos ambientais até consequências sociais e políticas, conectando múltiplas perspectivas.
Como estudar atualidades de forma estratégica
Mais do que tentar decorar tudo o que aparece no noticiário, o ideal é que o estudante organize seus estudos em eixos temáticos recorrentes — como meio ambiente, tecnologia, saúde pública, inclusão social e geopolítica. Essa abordagem ajuda a compreender as causas e consequências dos fatos, além de desenvolver uma leitura mais crítica do mundo.
Na hora de ler uma notícia, o aluno deve se perguntar: o que provocou esse acontecimento? Quais impactos ele pode gerar? Como se conecta a outras áreas do conhecimento? Esse exercício é essencial para desenvolver o tipo de raciocínio que as provas valorizam.
Além disso, Celedônio recomenda que os estudantes utilizem atualidades como repertório nas redações, trazendo dados, exemplos e reflexões que demonstrem conhecimento de mundo. Conversar com colegas e professores sobre esses temas também amplia o olhar crítico e ajuda a consolidar o aprendizado.
“A formação cidadã e o pensamento crítico são tão importantes quanto o conteúdo. Estar informado e saber interpretar o mundo é o que realmente faz diferença no desempenho”, reforça o educador.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br