Grupo formado por 10 indígenas, que representam 46 povos que vivem em Mato Grosso, participará das negociações na zona azul da COP30 para firmar a demarcação de terras indígenas como política pública de mitigação da crise climática
Representantes dos povos indígenas de Mato Grosso se preparam para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém (PA). Um dos principais objetivos do grupo é participar das negociações na zona azul da COP para firmar a demarcação de terras indígenas como política pública de mitigação da crise climática.
Formado por 10 indígenas, o grupo foi indicado durante a 14ª etapa do Ciclo COParente, realizada em outubro passado na Terra Indígena (TI) Portal do Encantado, localizada em Porto Esperidião (325 km a Oeste de Cuiabá), e irá representar os 46 povos abrangidos pela Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Estado (FEPOIMT).
Além de firmar a luta pela demarcação, outros objetivos são obter financiamento direto de fundos internacionais para a proteção dos territórios indígenas e implementar os Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs).
Presidenta da FEPOIMT, Eliane Xunakalo, é enfática ao conectar a demarcação de terras com a crise climática, defendendo que os territórios indígenas são a solução para o problema ambiental. “Sem demarcação, não há bioma íntegro”, disse durante o ciclo COParente. Conforme ela, a sinergia entre a Amazônia e o Cerrado é vital e depende das populações que ali vivem para serem preservados de forma sustentável.
No Estado, entre os principais desafios enfrentados pelos indígenas, Eliane Xunakalo citou a pressão do agronegócio, a criminalização do movimento indígena, a falta de políticas públicas e, principalmente, a paralisação das demarcações de terras, com 20 territórios aguardando regularização no território mato-grossense.
Porém, os indígenas frisam que com a implementação do Ministério dos Povos Indígenas na atual gestão do Governo Federal, os processos demarcatórios que estavam paralisados voltaram a ser uma prioridade. Em dois anos, as homologações, que não aconteciam desde 2018, já ultrapassaram o montante dos últimos 10 anos antes da criação da pasta, totalizando 16 territórios no país.
Presidente do conselho deliberativo da FEPOIMT, Jaime Henrique Rikbaktsa, reforça que o maior desafio atual para os povos representados pela entidade é a demarcação de seus territórios.
“Além da demarcação de novas áreas, temos outro problema grave que é a necessidade de desintrusão em terras já regularizadas. Os posseiros precisam ser removidos de dentro dos territórios indígenas”, afirmou. “Essas invasões ilícitas exploram recursos como madeira e minério, deixando os territórios empobrecidos para nós”.
A expectativa é de que COP30 seja um importante espaço para reafirmar que os territórios indígenas e seus modos de vida são essenciais para combater a mudança do clima, bem como uma oportunidade para apresentar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos povos indígenas, consideradas metas viáveis e urgentes para frear a emergência climática
Fonte: www.diariodecuiaba.com.br