Quando o coração dispara, a dúvida surge: é só nervoso ou um sinal de alerta? Entenda
Sentir o coração acelerar de repente assusta. Às vezes, acontece antes de uma reunião importante, durante um susto ou até sem motivo aparente. Em segundos, surge a pergunta: será que é ansiedade ou algo no coração?
Diferenciar uma palpitação emocional de uma arritmia cardíaca nem sempre é simples, mas entender o corpo ajuda a lidar melhor com o sintoma e saber quando buscar ajuda médica.
O coração também reage às emoções
Nosso coração é muito sensível ao que sentimos. Situações de estresse, medo, preocupação ou até alegria intensa liberam adrenalina, substância que prepara o corpo para reagir. Esse hormônio faz o coração bater mais rápido, aumenta a respiração e deixa as mãos suadas. É a chamada resposta de luta ou fuga, um mecanismo natural.
Em momentos de ansiedade, essa aceleração costuma começar aos poucos e passar em minutos, especialmente se a pessoa respira fundo, se acalma ou muda o foco. Costuma vir acompanhada de sensação de aperto no peito, tremor, falta de ar leve e um pensamento repetitivo: algo está errado comigo. Na maioria dos casos, o coração está saudável, apenas reagindo ao turbilhão emocional.
Quando pode ser um sinal do coração
Mas nem sempre a palpitação é fruto da mente. Quando o batimento acelera de forma súbita, sem gatilho emocional, ou vem acompanhado de tontura, falta de ar, desmaio, suor frio ou dor no peito, é hora de investigar.
As arritmias cardíacas, como a taquicardia supraventricular ou a fibrilação atrial, fazem o coração perder o ritmo natural. Elas podem durar segundos ou horas e, em alguns casos, exigem tratamento específico. Estima-se que cerca de 2% da população tenha algum tipo de arritmia, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e o risco aumenta com a idade, pressão alta e histórico familiar.
O ponto principal é observar o padrão: se a palpitação surge de repente, sem relação com emoções, esforço ou café, e desaparece tão rápido quanto começou, vale marcar uma consulta com o cardiologista.
Como o médico descobre a causa
O primeiro passo é ouvir o relato do paciente. A descrição dos episódios, quando acontecem, quanto duram e o que a pessoa estava fazendo, já ajuda bastante. Em seguida, exames simples, como o eletrocardiograma (ECG), podem mostrar se há alterações no ritmo. Em alguns casos, é preciso usar o Holter, um monitor portátil que registra o coração por 24 horas ou mais.
Mesmo que o exame não mostre arritmia, a avaliação nunca é perda de tempo. Muitos pacientes descobrem que as palpitações têm origem emocional e aprendem a controlar melhor a ansiedade, o que reduz muito a frequência das crises.
O que você pode fazer
Enquanto aguarda a avaliação, vale adotar hábitos que ajudam tanto o coração quanto a mente:
- Evite excesso de café, bebidas energéticas e álcool.
- Durma bem e pratique atividades físicas com regularidade.
- Mantenha uma alimentação equilibrada e boa hidratação.
- Aprenda técnicas de respiração e relaxamento, que ajudam a acalmar o ritmo cardíaco.
- E, principalmente, não ignore sintomas novos ou persistentes, mesmo que a ansiedade pareça a causa mais provável.
Cuidar do corpo e da mente é o caminho
O coração é um espelho das emoções. Ele acelera, desacelera, sente. Saber reconhecer os sinais que ele dá é uma forma de autocuidado. Na dúvida, procure avaliação médica: é melhor descobrir que está tudo bem do que ignorar um sintoma importante. Com o equilíbrio entre saúde mental e cardiovascular, o coração bate mais tranquilo e a vida também.
*Texto escrito pela cardiologista Manuela Gomes de Aguiar (CRM-SP 211.590 / RQE 6275), especialista em Ritmologia e Marca-Passo e membro da Brazil Health
Fonte: www.cnnbrasil.com.br