Empresa vai erguer usina em Rondonópolis (Sul) e ampliar a planta em Nova Mutum (Norte do Estado)
A Indústria Paraguaia de Álcool (Inpasa) deu início a um pacote de investimentos de aproximadamente R$ 3,5 bilhões, no que é considerado o seu movimento de expansão mais agressivo, desde sua fundação.
Segundo o Globo Rural, a companhia, que faturou R$ 14,9 bilhões em 2025, vai construir uma nova usina de etanol de milho em Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá), um dos principais polos do agronegócio de Mato Grosso.
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Também vai expandir a indústria que opera em Nova Mutum (267 km ao Norte), também outro pólo do agro no Estado.
A unidade de Rondonópolis terá investimento de R$ 2,77 bilhões.
O anúncio ocorreu dois meses depois de a multinacional declarar o fim da parceria de “joint venture” (associação entre duas empresas) com o Grupo Amaggi, da família do ex-governador e ex-ministro Blairo Maggi (PP).
As duas gigantes do agronegócio, como foi amplamente divulgado, se uniriam em consórcio para construir usinas de etanol de milho em Mato Grosso, uma delas em Rondonópolis.
A inauguração está prevista para o primeiro trimestre de 2027.
Durante o período de construção, está prevista a geração de 2.500 empregos diretos e indiretos. Quando começar a operar, a empresa abrir pelo menos 400 vagas fixas.
De acordo com o Globo Rural, esses investimentos somam-se a outros dois em curso — uma nova usina em Luis Eduardo Magalhães (BA) e outra em Rio Verde (GO).
Juntos, os quatro projetos elevarão a capacidade de produção da companhia em 50%, para 8,6 bilhões de litros ao ano.
A tacada da empresa, maior produtora de etanol de milho do Brasil, é feita num momento em que há mais de uma dezena de outras usinas de etanol de milho em construção pelo país, enquanto as usinas de etanol de cana-de-açúcar cogitam apostar mais no biocombustível na próxima safra dados os baixos preços do açúcar.
Apesar de muitos analistas acreditarem que esse cenário fará com que os preços do etanol recuem no próximo ano, a direção da Inpasa prefere não comentar perspectivas para as cotações e aposta na ampliação dos mercados de etanol e de DDGS (grãos secos de destilaria solúveis), coproduto do processamento usado na nutrição animal.
“É nossa expansão mais acelerada até agora. Mas estamos bem mais preparados”, afirmou Éder Odvar Lopes, CEO da Inpasa e filho do fundador, José Odvar Lopes.
Também deverá ser o último grande investimento da empresa. Segundo o empresário, quando esse ciclo for concluído, a empresa entrará em uma etapa de “consolidação”.
Os recursos para o novo pacote de investimentos sairão da própria geração de caixa da companhia, sem necessidade de recorrer a financiamento, acrescentou.
INVESTIMENTOS – Em cinco anos, a Inpasa já investiu R$ 13 bilhões em expansões industriais, que permitiram a construção de seis novas usinas no país e a expansão da unidade de Sinop (503 km ao Norte de Cuiabá), que se tornou a maior usina de etanol do mundo.
A usina de Rondonópolis terá capacidade para processar 2 milhões de toneladas de milho ao ano e de produzir anualmente 1 bilhão de litros de etanol, 490 mil toneladas de DDGS e 47 mil toneladas de óleo.
José Lopes ressaltou que a unidade estará em uma localização privilegiada, dada a abundância de milho na região e à proximidade com a Ferrovia Norte-Sul, que passa por Rondonópolis.
Além da redução do custo logístico, essa proximidade diminui as emissões de gases do escopo 3, ressaltou Mariano.
A indústria já nascerá com dois módulos em operação — cada módulo (ou fase) de uma indústria da Inpasa tem capacidade de fabricar cerca de 480 milhões de litros de etanol anidro ao ano.
Na usina de Nova Mutum, que já opera com duas fases, a Inpasa investirá R$ 704 milhões para construir a terceira fase, que aumentará a capacidade de processamento da indústria em 1 milhão de toneladas ao ano.
A produção adicional será de 350 milhões de litros de etanol e de 183 mil toneladas de DDGS. Segundo Lopes, essa expansão acompanha o aumento da produção de milho que também vem ocorrendo na região.
A terceira fase da usina deverá entrar em operação em novembro de 2026.
Para as expansões anunciadas, Inpasa já tem um plano de aumento de originação de biomassa para abastecer suas caldeiras de cogeração de energia que movem as usinas. O perfil da região também reduz o risco de falta de matéria-prima.
“Rondonópolis está em um mar de biomassa”, disse o CEO.