Com 2009 votos nas eleições de 2020, Marcos Paccola (Republicanos) foi eleito na chapa de oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que era encabeçada pelos ex-vereadores Abílio Júnior (PL) e Felipe Wellaton (Cidadania). O vereador daria continuidade no grupo oposicionista que acusa a gestão de inúmeras irregularidades. Porém, bem antes de chegar na metade de seu mandato, Paccola foi cassado após assassinar o agente do Sistema Socioeducativo Alexandre Miyagawa no dia 1º de julho deste ano.
Polêmico e seguindo ‘onda bolsonarista’, Marcos Paccola era mais um membro da chamada ‘bancada da bala’, composta por militares eleitos nas últimas eleições. Antes de mesmo de ocorrer o fato, Paccola já fazia discursos pró-armamentistas e polêmicos, como ameaças a militantes dos Partidos dos Trabalhadores.
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Em abril deste ano, durante um discurso no Plenário, o vereador disse que poderia atirar em até 500 militantes do PT, caso eles realizem manifestação na frente da sua residência. “Eu quero deixar um recado. Só o que eu carrego comigo aqui no IDC aqui, 50 militantes no meu dia-dia eu posso”, iniciou o vereador sem concluir a sua frase.
“Só lembrar que o presidente Bolsonaro autorizou pra cada arma de quem é CAC (Conceder Certificado de Registro Pessoa Física Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) são 5 mil munições por arma. Então pensem bem antes de tomar essas atitudes. E ao invés de 50 coloquem 500. Porque 50 vai ser muito pouco se vocês tentarem mexer com nossos filhos, nossas famílias. Dessa forma vocês não vão mudar o país, vão fazer uma guerra civil. Não venham pra cima porque estamos prontos”, disse o parlamentar que comentava uma declaração do então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Paccola havia deixado o Cidadania e ingressado no Republicanos para ser candidato a deputado estadual, como de fato ocorreu.
Contudo, no dia 1º de julho, um fato mudaria sua carreira política. Por volta das 18h na região central de Cuiabá, Paccola para o carro para acompanhar uma confusão em uma distribuidora. Pelas imagens, ele aparece conversando com algumas pessoas e fica na esquina, como se esperasse o momento certo para agir.
Quando o Alexandre Miyagawa estava levando a namorada para o seu carro após a confusão, e com uma arma não. Paccola aparece pelas costas e dá 3 tiros na vítima, que não teve chance de defesa. Paccola alega que chegou a pedir para ele soltar a arma por três, e que só atirou porque Alexandre iria virar para ele, fato que não é confirmado pelas imagens.
Após o caso, a vereadora Edna Sampaio (PT), entrou com um pedido de afastamento e cassação. O pedido foi aceito e instaurado. Porém, os trabalhos da Comissão Processante só iniciaria após o recesso parlamentar de julho. No início, a Comissão de Ética da Câmara de Vereadores da capital, decidiu emitir seu parecer após as conclusões das investigações.
Após a Polícia Civil indiciar Paccola por homicídio qualificado sem chance de defesa para a vítima, a Comissão votou pela abertura de cassação. O vereador se tornou réu no dia 12 de agosto após o juiz da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, Flávio Mioraglia, acatar a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE). Na mesma decisão, o magistrado pediu o recolhimento da arma de Paccola.
No mesmo dia em que se tornou réu, 21 vereadores acompanharam o parecer da da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) pelo não afastamento do parlamentar.
Já o pedido de cassação continuou e só entrou em votação após as eleições. A CCJR chegou a adiar a votação que ocorreria em setembro, após afirmar que Paccola deveria ser notificado do parecer da Comissão Processante, que pedia a sua cassação. A votação ocorreu no dia 5 de outubro após as eleições.
As galerias da Câmara estavam lotadas. De um lado apoiadores de Paccola, que se mobilizaram para defende-lo, levantando cartazes com frases como “legítima defesa não é crime”. A defesa de Paccola diz que os tiros foram dados para defender a namorada da vítima, que segundo ele, poderia sofrer um feminicidio. Porém, tal argumento não foi aceito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
Do outro lado, familiares e amigo de Alexandre Miyagawa, pedindo justiça e que o vereador fosse cassado. Após longo debate entre os vereadores. Os vereadores votaram parecer da CCJ e 13 decidiram pela cassação, 5 não, 3 não votaram e houve 4 ausências.
Paccola vem ingressando na justiça inúmeros pedidos de anulação da cassação, sob alegação de que houve irregularidades no processo interno da Câmara. Contudo, todos os pedidos foram negados.
Fonte: gazetadigital.com.br