Tipo de Alzheimer apontado por pesquisadores espanhóis é causado por combinação de fatores genéticos que “quase certamente” causam a doença
A ciência já sabe há alguns anos que a genética pode fazer com que tenhamos mais risco de desenvolver o Alzheimer, mas não existiam evidências de que a condição seja propriamente hereditária. Entretanto, um estudo feito por neurocientistas espanhóis publicado na revista Nature na segunda-feira (6/5) indica que há uma forma genética da condição que “quase certamente” leva à doença.
Os pesquisadores identificaram que o gene APOE4, que já tinha sido conectado ao risco de Alzheimer, pode vir em dose dupla: é possível herdar o gene tanto do pai quanto da mãe, o que levaria a um duplo APOE4. Neste cenário, a doença seria praticamente uma certeza e os médicos acreditam que esses casos deveriam ser considerados um tipo particular da demência.
“Este gene é conhecido há mais de 30 anos e estava associado a um maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Mas agora sabemos que praticamente todos os indivíduos com este gene duplicado desenvolvem a doença. Isto é importante porque representa entre 2 e 3% da população”, explica o neurologista Juan Fortea, do Instituto de Investigação Sant Pau, na Espanha, um dos autores do estudo, ao site da instituição.
A descoberta é considerada positiva pelos cientistas. Agora, é possível analisar as informações genéticas dos dois genitores e prever a doença antes dos primeiros sintomas, o que permite um acompanhamento que atrasa a sua formação.
“A combinação também antecipa o aparecimento do Alzheimer, reforçando a necessidade de estratégias preventivas específicas”, afirma o neurologista Alberto Lleó, também autor do estudo.
O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida Towfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty Images
Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas
Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista
Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce
Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano urba
Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença
Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns
Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença
O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida Towfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty Images
Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas
Estudo do Alzheimer foi feito em humanos
Para chegar à conclusão, os cientistas analisaram cerca de 13,2 mil voluntários, incluindo algumas amostras cerebrais de pacientes falecidos. Ao todo, foram encontradas 273 pessoas já mortas com as duas cópias do APOE4 e 519 indivíduos vivos com a manifestação genética.
As pessoas com a combinação tinham menores áreas destinadas à memória no cérebro e experimentavam os primeiros sinais do Alzheimer (o acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro) a partir dos 55 anos, décadas antes de pessoas sem a condição. Aos 65, a maioria deles já tinha sintomas evidentes.
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Fonte: metropoles.com