Contracheque aponta salário-base de R$ 90 mil e adicionais que superaram R$ 35 mil semanas antes da prisão determinada na segunda fase da operação
O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, preso durante a segunda fase da Operação Unha e Carne, recebeu mais de R$ 125 mil brutos no mês de novembro, conforme dados do Portal da Transparência da Justiça Federal divulgados pelo G1. O pagamento ocorreu poucas semanas antes da detenção do magistrado, determinada no curso das investigações conduzidas pela Polícia Federal.
De acordo com o contracheque, Macário teve remuneração básica de R$ 90.187,61, valor que foi acrescido de gratificações e indenizações que ultrapassaram R$ 35 mil, elevando o total recebido no mês. A prisão foi cumprida na residência do desembargador, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
A investigação apura o suposto vazamento de informações sigilosas relacionadas à Operação Zargun, deflagrada pela Polícia Federal para desarticular esquemas criminosos no estado do Rio de Janeiro. Segundo os investigadores, há indícios de que dados sobre a operação teriam sido repassados antecipadamente a um de seus principais alvos, o então deputado conhecido como TH Joias.
Macário foi o responsável por expedir, em setembro, o mandado de prisão contra o parlamentar. A principal suspeita é de que o vazamento tenha ocorrido durante um encontro informal, no qual o desembargador estaria acompanhado do então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar. A partir dessa reunião, conforme a linha de apuração, o alvo da operação teria sido alertado previamente sobre a ação policial.
A defesa do desembargador contesta a prisão e afirma que a decisão foi tomada de forma equivocada. Segundo o advogado Fernando Augusto Fernandes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, teria autorizado a medida com base em informações incompletas. Ele sustenta ainda que a defesa não teve acesso integral à decisão que embasou a ordem de prisão, o que, segundo ele, compromete o direito ao contraditório e à ampla defesa.
Os advogados informaram que pretendem solicitar a revogação da prisão e apresentar esclarecimentos formais nos autos, assim que tiverem acesso completo aos fundamentos da decisão judicial.
Fonte: www.copopular.com.br