Rowles foi um dos que insistiram para que piloto entregasse chaves de avião onde cocaína foi achada
O lobista Rowles Magalhaões, que mora em Cuiabá e foi preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (19), acusado de tráfico internacional de cocaína, pressionou para que o piloto do jato onde foram apreendidos, em fevereiro do ano passado, 578 quilos de cocaína, deixasse a chave da aeronave com ele.
Segundo as investigações da PF, a aeronave saiu de Portugal no dia 27 de janeiro de 2021, com destino a Salvador (BA). Ao chegar na capital baiana, Rowles entrou no jato, que seguiu para Jundiaí (SP).
Rowles, ao entrar no avião, disse que era ligado a Marcelo Lemos, pessoa que contratou o vôo.
Na cidade paulista, a aeronave ficou estacionada no hangar da empresa Fly Away, cujo diretor executivo, Fernando de Souza Honorato, fez a recepção do comandante.
Em seguida, o comandante fez a vistoria e lacrou a aeronave (lacre de adesivo).
Segundo o comandante Eduardo Filipe Young Cardoso, piloto da empresa Omni Aviação e Tecnologia, no dia seguinte à chegada em Jundiaí, ele voltou ao hangar para uma reunião com Marcelo Lemos, que estava com sua esposa Juliana, e Fernando, da Fly Away.
Na ocasião, segundo a PF, Marcelo pediu para que o piloto deixasse a chave da aeronave com ele, o que foi de pronto, em razão de fugir do procedimento padrão.
“Segundo o comandante, o pedido de entrega das chaves também foi realizado por Rowles, que insistiu para que as chaves fossem deixadas com Marcelo.
Na sequência, Marcelo marcou uma reunião específica com o comandante, na qual compareceram sua esposa e Fernando”, diz o inquérito.
Pressão
“Naquela ocasião, o casal já se mostrou muito irritado pelo fato da negativa do fornecimento da chave do avião, informando inclusive que iria solicitar o reembolso do trecho até Jundiaí”, completou.
No momento da reunião, Rowles e seu sócio, de nome Ricardo, também ligaram para o comandante, pressionando pela entrega da chave do jato.
“O comandante afirmou que se sentiu desconfortável com tais pedidos, que continuavam insistentes nesse sentido, e no dia seguinte resolveu ligar para o seu superior Rui de Almeida, o qual autorizou que o declarante fornecesse a chave a da aeronave”, diz a PF.
O comandante, então, entregou a chave a Fernando, e só voltou ao hangar dias depois, em 6 de fevereiro.
“Ao ir até a aeronave, o piloto constatou a retirada de alguns lacres, além disso, ao perguntar a Fernando sobre a chave, o diretor informou que havia entregado a Marcelo, que, por sua vez, entregou a Ricardo, sócio de Rowles, que teria levado algumas pessoas para conhecerem o avião”, diz a PF.
Diante dos fatos, o comandante disse que no dia do voo realizou a vistoria técnica de praxe, mas não observou nenhum fato digno de registro, seguindo o voo normalmente para Salvador, no dia 07 de fevereiro de 2021.
O comandante disse também que a aeronave permaneceu em Jundiaí mais tempo do que o previsto, retornando a Salvador, de onde partiria de volta para Portugal.
Defeito técnico e cocaína
Segundo as investigações da PF, ao chegar a Salvador, o piloto Eduardo Filipe verificou um defeito técnico que impedia o desligamento do motor 3, e precisou acionar a empresa de manutenção da aeronave de forma imediata.
Foi então que os mecânicos, ao fazerem uma vistoria, encontraram tabletes contendo substâncias possivelmente correspondentes a entorpecentes.
Em seguida, o fato foi informado ao comandante e Polícia Federal foi acionada. Em seguida, após testes, ficou comprovado que a substância era cocaína.
Fonte: www.midianews.com.br