Evento discutiu soluções para armazenagem de grãos, além do posicionamento do agro mato-grossense diante dos critérios ambientais impostos pelo mercado internacional
Após dois dias de programação, o V Simpósio Técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) chegou ao fim nesta quinta-feira (07.08). O evento incluiu temas cruciais para o setor produtivo, entre eles a urgente necessidade de investimentos em armazenagem e o fortalecimento da imagem do produtor rural frente aos critérios internacionais de sustentabilidade. O segundo e último dia contou com a presença do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutor em Direito, Daniel Vargas, e do biólogo Richard Rasmussen, que protagonizaram o painel de sustentabilidade.
O vice-presidente da Aprosoja MT e coordenador da Comissão de Sustentabilidade, Luiz Pedro Bier, abriu o painel para mostrar como a entidade tem procurado mostrar às pessoas que o produtor mato-grossense já é sustentável na prática. Ele destacou o papel da entidade em comunicar essa realidade e em oferecer apoio técnico e institucional para os desafios vividos pelos associados. Segundo ele, o evento teve um balanço positivo ao reunir produtores de diversas regiões do estado. “Falamos sobre sustentabilidade, sobre a importância de resolver gargalos como a armazenagem e trouxemos atendimento da SEMA em relação ao CAR. Também apresentamos o trabalho das comissões da Aprosoja MT e os dados gerados pelos nossos centros de pesquisa. Estamos enfrentando tempos difíceis e informação técnica é essencial para superar essas dificuldades”, disse Bier.
Em seguida, durante sua palestra, o professor da FGV, Daniel Vargas, abordou sobre a importância de o Brasil entender, adaptar e negociar os critérios de sustentabilidade impostos pelo comércio internacional. “A grande questão é como nós entendemos quais são os critérios de sustentabilidade cada vez mais presentes no comércio global e, a partir daí, como é que a gente se posiciona, se adapta ou negocia para que esses critérios sejam mais ajustados à nossa realidade. O que está sendo discutido hoje é como a gente produz, que tipo de insumo a gente usa, quais são os critérios que o mundo e o comércio exigem para comprar nossos produtos. Não podemos aceitar padrões importados sem questionar, as regras precisam se adaptar à nossa realidade tropical, para que o Brasil continue liderando a produção mundial com legitimidade”, explica.
De forma conjunta, enquanto aconteciam as palestras técnicas com especialistas no auditório, o espaço para expositores de empresas e instituições parceiras, como Riosoft, Sicredi, Kepler Weber, AGI, Lifetime Investimentos, BTG Pactual, Motomco, entre outras, promoveu integração entre produtores, soluções tecnológicas e serviços. O delegado do núcleo de Querência, Valdair Hauenstein Granja, relatou que o aumento da produção de milho contrasta com a escassez de infraestrutura para armazenagem. “Querência e a região do Vale do Araguaia produz muito e falta armazém. Vindo aqui no Simpósio falar sobre isso é de muita importância para toda a agricultura, hoje é comum nos depararmos com montanhas de milho em torno de armazém, fazendas com silo bolsa e falta de crédito também com juros acessíveis. Nós produtores muitas vezes não conseguimos fazer isso sozinho, então nos unimos para conseguir fazer esse investimento e na nossa região, temos uma cooperativa e estamos fazendo devagarinho, queremos aumentar a capacidade, mas não é tão fácil porque estamos enfrentando uma crise na agricultura muito grande, com dificuldade de crédito e preços de venda muito baixos que não acompanham custo de produção”, afirma.
Para aqueles que não conseguiram participar, a sexta edição do evento já tem data marcada e será realizada nos dias 5 e 6 de agosto de 2026. Com uma programação técnica completa, espaço para debates e a presença de vozes relevantes do agro, o Simpósio Técnico da Aprosoja Mato Grosso reforça que produzir com responsabilidade é um compromisso do produtor rural mato-grossense, mas que é preciso apoiá-los para que tenham condições de estruturar melhor o campo e defender essa imagem perante o mundo.
Fonte: www.cenariomt.com.br/