MT: POLÍTICA EM FAMÍLIA: O machismo e a familiocracia no mesmo palanque. A política em MT

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Para 2026, os principais nomes lançados são de mulheres fortalecidas pelo DNA político dos pais, irmãos e parentes

A deputada Janaina Riva, a primeira-dama Virgínia Mendes, a vereadora Samantha Iris e a médica Natasha Slhessarenko

A participação feminina na política em Mato Grosso é acanhada e boa parte das eleitas chega ao poder tanto nas eleições estaduais quanto nas municipais, pela força familiar, que chamamos de familiocracia.

Para 2026, os principais nomes lançados são de mulheres fortalecidas pelo DNA político dos pais, irmãos e parentes.

São pré-candidatas: ao governo, Natasha Slhessarenko (PSD), filha da ex-senadora Serys Slhessarenko.

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Ao Senado, Janaína Riva (MDB), filha de José Riva, que durante 20 anos liderou a Assembleia Legislativa.

À Câmara, Virgínia Mendes (União), casada com o governador Mauro Mendes (União); e a veterinária e suplente de deputada federal Juliana Kolankiewicz (MDB), casada com o prefeito de Água Boa, Mariano Kolankiewicz (MDB).

E para a Assembleia, a vereadora e primeira-dama de Cuiabá, Samantha Iris (PL); a secretária municipal Alessandra Ferreira (PL), casada com o prefeito de Rondonópolis, Cláudio Ferreira (PL); a jornalista Rafaela Fávaro (PSD), filha do ministro da Agricultura e senador Carlos Fávaro (PSD); e a suplente de deputada estadual Priscila Dourado (PSB) casada com o ex-prefeito de Alto Araguaia, Gustavo Melo (PSB).

Todas as mulheres da familiocracia têm identidade própria, mas nem por isso podem ser desassociadas de seus laços de família.

Outras candidatas, no entanto, não integram clãs e algumas assumiram matriarcado político.

Desde a divisão territorial que criou Mato Grosso do Sul, em 1977, elas conquistaram 58 prefeituras, sendo que algumas por mais de uma vez, o que resulta em 93 mandatos, nas eleições municipais de 1982 a 2024.

O sobrenome respondeu por 68,57% os municípios onde as mulheres conquistaram prefeituras e por 60,34% dos mandatos.

A participação feminina no Palácio Paiaguás, no Congresso, na Assembleia e nas prefeituras revela que Mato Grosso tem um machismo político estrutural.

Esse fenômeno também se reproduz nas Câmaras Municipais, como na legislatura em curso em Cuiabá, onde três vereadoras foram eleitas com a força da familiocracia: a presidente Paula Calil (PL) é irmã do deputado estadual Faissal Calil (PL); Samantha Iris – que recebeu a maior votação ao cargo – é casada com o prefeito Abílio Brunini (PL); e Maria Avalone (PSDB) é mulher do deputado estadual Carlos Avallone (PSDB).

PAIAGUÁS – Mato Grosso teve uma vice-governadora: Iraci França (PPS) no quadriênio 2003/06, quando o governador foi Blairo Maggi (PPS); Iraci é casada com o radialista Roberto França, que presidiu a Câmara de Cuiabá e a Assembleia Legislativa e foi deputado federal.

Em 2002 o deputado José Riva lançou sua mulher, Janete Riva (PSDB) candidata a vice-governadora na chapa tucano encabeçada por Antero Paes de Barros, mas Blairo Maggi (PPS) venceu a disputa em primeiro turno.

Em 2014 Janete Riva foi candidata ao governo pelo PSD, mas o vencedor em primeiro turno foi Pedro Taques (PDT).

SENADO – Serys Slhessarenko (PT) foi senadora por um mandato e por três vezes deputada estadual; Serys não teve influência familiocrata para se eleger, mas tornou-se matriarca política com Natasha pré-candidata ao governo.

A juíza de direito aposentada Selma Rosane Santos Arruda se elegeu senadora em 2018 pelo PSL com a maior votação ao cargo.

Bolsonarista, Selma venceu o pleito com o apoio de Bolsonaro, que à época tinha grande poder para transferir votos.

Condenada por abuso de poder econômico e caixa 2, Selma foi cassada, quando estava filiada ao Podemos.

Sua cadeira não foi ocupada pelos suplentes Beto Possamai e Clerie Fabiana, ambos do PSL, mas por Carlos Fávaro, que ficou em terceiro lugar na votação, no pleito que elegeu dois senadores – ela e Jayme Campos (DEM).

Em 2022 a empresária Margareth Buzetti (PP) foi eleita primeira suplente do senador Carlos Fávaro (PSD). Fávaro licenciou-se para ocupar o Ministério da Agricultura e Pecuária e Margareth o substituiu até recentemente, quando cedeu a cadeira para o segundo suplente José Lacerda (PSD).

O senador Jayme Campos (União) tem somente um nome na suplência: é Cândida Farias (MDB), viúva do ex-governador Wilmar Peres de Farias, que foi vereador e prefeito de Barra do Garças, deputado estadual, deputado federal e vice-governador.

CÂMARA – O surgimento de dobradinhas matrimoniais levou para a Câmara, Celcita Pinheiro (PFL), Teté Bezerra (PMDB) e Thelma de Oliveira (PSDB); a primeira casada com o senador Jonas Pinheiro (PFL); Teté, com o senador Carlos Bezerra (PMDB); e Thelma, com o ex-governador Dante de Oliveira.

A professora Rosa Neide (PT), sem vínculos com a familiocracia, também foi deputada.Em 2022 foram eleitas as deputadas federais Coronel Fernanda e Amália Barros, ambas do PL e pelo grupo bolsonarista.

Antes, a Coronel Fernanda disputou o Senado, sem sucesso. Amália era jornalista, mas nunca militou na profissão em Mato Grosso; com visão monocular, Amália virou nome de lei de autoria do senador Otto Alencar (PSD/BA), que ampara os portadores de visão monocular; a lei despertou a atenção da Michelle Bolsonaro, que lançou Amália candidata a deputada federal por Mato Grosso – onde residia a pouco tempo.

A deputada morreu em 12 de maio de 2024, em consequência de uma operação em São Paulo, para retirada de um nódulo no fígado.

O suplente Nelson Barbudo ocupa sua cadeira.A suplente Gisela Simona (União) cumpre a maior parte do mandato em curso, por conta da licença do titular Fábio Garcia, que chefia a Casa Civil de Mauro Mendes.

ASSEMBLEIA – A professora Sarita Baracat foi matriarca do clã Baracat. Ela era mãe de Nico Baracat, que foi vice-prefeito de Várzea Grande e secretário de Estado; e avó de Kalil Baracat, que foi vereador e prefeito de Várzea Grande.

Vereadora e prefeita de Várzea Grande, e deputada estadual (1978), Sarita foi casada com o vereador Emanuel Benedito de Arruda, o Caboclinho.Também foram deputadas, mas sem vínculos com a familiocracia, Serys Slhessarenko (PT), Vera Araújo (PT) e Vilma Moreira dos Santos (PSB).

Pelos laços familiocratas foram eleitas Zilda Pereira Leite de Campos (PDT), Chica Nunes (PSDB), Thaís Barbosa (PMDB), Teté Bezerra (PMDB), Luciane Bezerra (PSB) e Janaína Riva (PSD e MDB), que exerce mandato pela terceira vez consecutiva.

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