Geraldo Delai é agricultor em Água Boa e cravou raízes no estado movido pela vontade de construir e desenvolver a própria região
Toda a história de paixão por Mato Grosso se iniciou quando ele tinha apenas 10 anos, em 1970. Geraldo chegou no estado pela primeira vez acompanhado do pai, que queria explorar novas terras. Porém, retornou a São Paulo para estudar e em 1980 acabou ingressando e cursando agronomia na UFMT. Movido pelas oportunidades, o produtor iniciou a vida trabalhando em empresas do setor agrícola e após se casar com a professora Márcia Benes Delai resolveu trabalhar com o pai que havia adquirido terras em Juscimeira.
Enquanto tratava das terras com o pai, Delai também exerceu o ofício de professor por sete anos a pedido de um padre do distrito de São Lourenço de Fátima. Na comunidade não havia pessoas formadas para ensinar o 2º grau aos moradores locais, e como ele e a esposa eram os únicos com ensino superior, o produtor aceitou ser professor e contribuir com o futuro da pequena vila.
“Como lá em São Lourenço de Fátima, é uma vila que tinha próximo da fazenda, tinha uma escola e eles queriam fazer com a escola tivesse um segundo grau para formar professores, naquele tempo chamava normalistas. E como eu era o único formado, além da minha esposa, então me chamaram para que eu fosse professor, por mais de sete anos fui professor nessa escola e até padrinho de turma”, relembra.
Além de buscar fazer a diferença para a própria família, Geraldo Delai também fez a diferença para os alunos da pequena vila. Ele relembrou que “apertava” muito os estudantes, mas como forma de incentivo para que tivessem um futuro melhor fora da comunidade, no distrito de Juscimeira. Delai contou que até hoje alguns alunos mandam mensagens relembrando e agradecendo o produtor por ter os incentivado a buscar construir o futuro através dos estudos.
“Hoje um dos meus ex-alunos mandou mensagem me parabenizando pelo Dia do Professor, e ele já tem filho de 10 anos. Então deixa a gente bastante feliz em saber que essas pessoas venceram, por palavras que a gente colocou para elas. Essa é a parte que é importante de ser professor e de você mostrar algo diferente para que as pessoas tenham conhecimento”, conta.
Após alguns anos conciliando o trabalho com o pai e o ofício de professor, o pai do produtor vendeu a propriedade e dividiu o valor entre os cinco filhos. Com o dinheiro adquirido da venda da propriedade e motivado por construir um futuro melhor, Delai foi em busca de um lugar para prosperar, e mais ao leste do estado, conseguiu enxergar em uma fazenda “abandonada” em Água Boa o futuro dele e da família.
Motivado pela vontade de sempre estar construindo e contribuindo com o desenvolvimento local, Delai explicou que ficou no estado, pois tudo em São Paulo já estava construído e Mato Grosso ainda precisava de muito desenvolvimento. Mesmo com as dificuldades local, o agrônomo nunca pensou em desistir e voltar para o estado que nasceu. Para ele, o desejo de construir se sobressai, o produtor explicou que se algum dia fosse mudar iria mais ao norte do estado para continuar construindo.
“É o que eu gosto, é de estar construindo, sempre fazer algo diferente, alguma coisa a mais do que a gente já fez. Então foi o que me motivou. Lá no estado de São Paulo tudo já está pronto, é muito monótono para a gente, é uma zona de conforto que a gente praticamente não cria um vínculo de construir ou de que está criando algo melhor”, explica.
Da fazenda “abandonada” em Água Boa, Delai construiu um lar repleto de amor e ensinamento para a esposa e os filhos, Flávia Benes Delai e Lucas Benes Delai. O produtor contou que o início não foi fácil, a estrutura da casa ainda não era adequada, mas com tempo e persistência ele conseguiu fazer da propriedade um local prospero.
O agricultor explicou que ter esperança faz parte da profissão, pois o produtor rural precisa ter a esperança de que a semente vai brotar e que a chuva vai cair para continuar plantando. Mas reforça que além da esperança nada disso seria possível sem a família, ele conta que o dinheiro é importante, mas a família unida e contribuindo com os cuidados da propriedade é essencial.
“Nem sempre o dinheiro é o fundamental, ele é importante, é, para poder dizer que você está construindo, mas não é fundamental, fundamental é que vocês estejam unidos. Meu filho hoje tem 31 anos, já faz cinco anos que está aqui, ele começou trabalhando numa empresa de fertilizante e perguntou o que eu achava dele vir trabalhar na fazenda. Minha filha também, de uma certa forma, também colabora. Eu fui contratar um veterinário e ganhei um genro e uma neta também, que foi mais importante. E esse propósito de ter a família junto que é fundamental”, afirma.
História de pessoas que fazem a diferença, como Geraldo Antônio Delai, é o que inspira e faz a Aprosoja MT apoiar e buscar fortalecer todos os dias os produtores rurais que tanto ajudaram no desenvolvimento de Mato Grosso.
Fonte: aprosoja.com.br