Gestão Mauro Mendes continua subestimando as receitas para 2026. Prevê arrecadar menos do que no ano passado
Os servidores públicos de Mato Grosso encontram um verdadeiro obstáculo na busca por melhores salários, mesmo sendo de conhecimento geral que há perdas.
O achatamento salarial levou ao superendividamento, uma vez que, ao não conseguirem cumprir com suas obrigações pessoais, os funcionários se viram obrigados, pela facilidade criada pelo próprio Poder Executivo, a acionar as operações de empréstimos, cartões de crédito e de benefícios, todos consignados. Isso causou um rombo nas finanças pessoais de mais de 60% dos 105 mil servidores do Estado.
Leia também:
Estudo mostra que salário de servidor tem perda de 20% em MT
O servidor público está precisando pagar juros para poder ter uma renda mínima condizente, já que seu salário é defasado pela falta de trato do Governo Mauro Mendes (União) em atender às reivindicações da categoria.
Menos de 72 horas após a divulgação de estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), pela deputada Janaina Riva (MDB), o secretário-adjunto de Orçamento da Secretaria de Fazenda, Ricardo Roberto de Almeida Capistrano, colocou um verdadeiro “Monte Everest” entre as pretensões dos servidores públicos e o que o Governo Mauro Mendes (UB) entende como sendo o justo para corrigir as perdas salariais.
A proposta do Governo Mauro Mendes, inserida na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) que vai possibilitar a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2026, é de 4,56%. Ou seja, menos que a previsão inflacionária.
Os detalhes foram revelados em audiência pública, na Assembleia Legislativa, na quinta-feira (14).
O estudo do Dieese apontou para uma defasagem salarial, nos últimos oito anos, acumulada em 18,87%, se mensurado pelo índice INPC/IBGE, e de 19,52%, se medido pelo IPCA/IBGE, indicador da inflação oficial utilizada pelo Governo Federal,
Segundo o secretário Ricardo Capistrano, o total estimado para 2026 é de R$ 1,121 bilhão, sendo que, deste total, R$ 771 milhões serão acrescidos nos salários do total de servidores do Poder Executivo, e a diferença é referente aos encargos e precatórios.
O presidente da Comissão de Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária (CFAEO), na Assembleia Legislativa, deputado Carlos Avalone (PSDB), questionou o secretário, diante do estudo do Dieese, que ele informou ainda estar sendo analisado de forma técnica e legal, qual seria a capacidade, o impacto que o Tesouro Estadual suportaria de reajuste diante do crescimento considerável das receitas, que supera as expectativas
.“São cálculos complexos e que devem levar em consideração vários fatores. Mas, o que ficou assegurado foram R$ 771 milhões de um total de R$ 1,121 bilhão, que envolvem outras pendências, como precatórios alimentares”, disse o adjunto da Sefaz, ao afirmar que não tem uma previsão, uma estimativa e, sim o compromisso da atual gestão de conceder as perdas inflacionárias apuradas.
Capistrano, que pouco ou quase nunca aparece, deixou claro que essa é uma decisão que depende de uma série de fatores e cálculos. Lembrando que, nas eleições de 2018, Mauro Mendes prometeu conceder todo e qualquer reajuste que fosse de direito do servidor público. Mas, isso agora é passado…
Ficou claro que falta muito mais boa vontade à atual gestão. Carlos Avalone lembrou que essa é uma discussão que vai acontecer entre os deputados e os servidores públicos, que já têm procurado a Assembleia Legislativa, em busca de resgatar parte do prejuízo que está concretizado e que não pode ser revertido.
“Por isso, eu questiono, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), além de outras leis específicas, o quanto o Tesouro de Mato Grosso suportaria ao conceder, a titulo de reajuste ou de reposição de perdas, pois essa conta já chegou para os servidores públicos e suas famílias” disse o deputado tucano.
Frio, como o próprio chefe do Poder Executivo sempre foi em relação ao funcionalismo público, com quem manteve duros embates, o projeto que trata da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) estabelece como parâmetros principais:
• Obedecer o equilíbrio entre receita e despesa;
• Atingir as metas fiscais relativas às receitas, às despesas, aos resultados, primário e nominal e ao montante da dívida pública;
• Aumentar a eficiência, na utilização dos recursos públicos disponíveis e elevar a eficácia dos programas por eles financiados;
• Implementar ações que fortaleçam a governança e a sustentabilidade fiscal do Estado.
ARRECADAÇÃO ESTIMADA – Repetindo a estratégia de anos anteriores, quando subestima os valores que serão arrecadados, o Governo Mauro Mendes prevê uma arrecadação líquida da ordem de R$ 39,886 bilhões para 2026. Ou seja, durante os 12 meses do ano, ele estima arrecadar quase R$ 40 bilhões, quando, na realidade, a arrecadação líquida dos 12 meses de 2024 já somou R$ R$ 40.243 bilhões, conforme o Portal Transparência do próprio Executivo.
A arrecadação total bruta de 2024 foi da ordem de R$ R$ 60,869 bilhões, conforme o portal, que ainda aponta para um outro valor: R$ 20,626 bilhões, que são identificadas como Deduções da Receita Realizada no Período.
Ele ainda prevê um total de R$ 41,630 bilhões para 2027 e R$ 43,368 bilhões para 2028, valores estes praticamente superados na arrecadação de 2025, que já somou, até este momento, R$ R$ 43,843 bilhões de Arrecadação Bruta e R$ R$ 27.952 de Arrecadação Líquida.
Mesmo assim, ele consegue, ainda, apresentando as despesas previstas ou estimadas, atingir R$ 30,033 bilhões em 2026; R$ 31,341 bilhões em 2027 e R$ 32.782 bilhões em 2028.
Mas, no quadro seguinte da apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária (PLDO), onde apresenta as metas fiscais, o Resultado Primário 2026, 2027 e 2028 são negativos Ou seja, gastou mais do que arrecadou. O mesmo acontece com a Divida Consolidada Líquida e o Resultado Nominal.
Já no item restos à pagar de despesas primárias e a Dívida Pública Consolidada são positivas. E o que é pior:os restos a pagar entre 2026 e 2027, justamente no ano eleitoral e no pós-eleitoral, sofrem um considerável aumento.
Fonte: www.diariodecuiaba.com.br