Famílias produtoras mostram que preservar os cursos d’água é mais que um dever ambiental, é um legado de amor e responsabilidade
No agronegócio mato-grossense, a consciência ambiental não se restringe ao discurso, ela se reflete nas práticas. O projeto Guardião das Águas, da Aprosoja MT, já mapeou mais de 105 mil nascentes em 56 municípios, áreas onde ocorre a produção de soja e milho, e mais de 95% delas permanecem em bom ou ótimo estado de conservação. As nascentes são a chave para que os rios possam trilhar seus caminhos e abastecer milhares de pessoas.
Nas propriedades rurais do estado, a proteção ambiental vai além de uma exigência legal, já faz parte da rotina, do planejamento agrícola e da herança familiar. A água é fonte de vida, alimento e produtividade. Por isso, a preservação das nascentes e dos cursos d’água está no centro daquilo que é primordial para os agricultores do estado.
Às margens do rio Arinos, o produtor do núcleo de Nova Mutum, Moacir Salmazo Júnior, ensina o pequeno Conrado, de quatro anos, que a agricultura e a preservação caminham lado a lado. “Desde agora, ensino ao meu filho que quando não existe o cuidado das nascentes, os rios desaparecem. E que, ao desaparecerem, tudo o que a gente representa, que é a produção de alimentos, acaba”, explica.
Além da preservação da vegetação nativa e das áreas de preservação permanente (APPs), Moacir utiliza técnicas como o plantio direto, que contribui diretamente para a saúde do solo e consequentemente, também auxilia na conservação dos rios. “A água representa a vida da minha família e das plantas que cultivo. Sem ela, não há comida, não há futuro. As matas ciliares, as áreas de preservação permanente são o começo e os tratos das lavouras, como o plantio direto, evitam o escoamento dos insumos e a erosão do solo”, acrescenta Moacir.
Em Alto Paraguai, o delegado do núcleo de Diamantino, Mário Zortéa Antunes Júnior, também possui esse compromisso com o cuidado ambiental. Conforme o produtor, a água carrega a vida em cada gota, da nascente à foz. “A água representa a vida. Vida para os animais, para as plantas, para o nosso ambiente e para a nossa propriedade”, afirma.
Ele fala das nascentes e do rio, como quem descreve um importante membro da família. Um cuidado que não é de agora, mas que vem sendo cultivado há gerações. A nascente preservada que brota límpida é para ele um símbolo de tudo o que foi feito por ele e os pais há três décadas. “Ela representa o cuidado que a gente tem com o meio ambiente, é o resultado de anos de trabalho e dedicação, e brincar com meus filhos no rio é reviver a infância e reforçar o valor da preservação”, conta.
Para os filhos mais velhos de Mário, o João e o Joaquim, ambos de 10 anos, esse legado é compreendido desde cedo. “Se não cuidar, o rio seca, os peixes morrem, a natureza sofre”, afirma João. Já Joaquim, com a segurança de quem já entendeu a importância da responsabilidade, fala com convicção de gente grande. “Vou fazer igual meu pai, cuidar da natureza para que nada de ruim aconteça”, aponta.
Exemplos como esses deixam evidente que no campo a preservação das nascentes e rios é prática diária, ensinada com o exemplo e passada adiante. Neste Dia Mundial dos Rios, histórias como a de Moacir, Mário e tantos outros agricultores mostram que proteger os rios é proteger a própria vida e garantir que as futuras gerações possam seguir esse curso, com o mesmo orgulho, respeito e gratidão pelos recursos naturais que são fundamentais para o exercício da atividade agrícola.
Fonte: aprosoja.com.br