Sem apresentar a fonte de dados oficiais, o vereador Rafael Ranalli (PL) alegou que gravidez indesejadas e a transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) aumentam no Carnaval para defender o projeto de Lei, de sua autoria, que prevê o corte de investimentos públicos municipais no evento pelos próximos 4 anos. Empresários e representantes do setor de bares e turismo criticam a proposta, que pode impactar diretamente na economia da Capital.
“Durante o Carnaval do ano passado, o número de denúncias de violência doméstica aumentou 38%. Também houve crescimento de 20% na violência contra crianças. Além disso, há aumento de acidentes, superlotação nas unidades de pronto atendimento e crescimento de doenças sexualmente transmissíveis. Não sou contra a festa, apenas contra o uso de dinheiro público para custeá-la”, declarou Ranalli.
O vereador ainda citou os casos de gravidez. “Hoje, tenente Dias, trouxe uma colega médica, esposa do nosso querido Paccola que veio falar sobre gravidez indesejada. Gravidez na adolescência acontece no carnaval senhores. Onde deságua? Na saúde pública”, pontuou.
Na tribuna, Ranalli se contradisse ao fazer a defesa do projeto. Inicialmente, o parlamentar disse que a proposta visa economizar recursos, já que a prefeitura está endividada. Além disso, o liberal pontuou a necessidade de priorizar investimentos na Saúde e outras áreas, por exemplo.
“Com uma dívida desse tamanho, quanto tempo a prefeitura vai levar para sanar. O prefeito já disse que não vai ter empenho de dinheiro público do Carnaval. Apenas esse ano não será suficiente”, disse.
Apesar de alegar “não ser contra as festividades”, Ranalli argumentou depois que os recursos da Cultura que seriam aplicados no Carnaval, poderia ser destinadas outro tipo de festividades. “O dinheiro não vai sair da cultura, que seja destinado ao cururu e siriri, festa de santo e outras festas da cultura cuiabana”, disse.
Já em outro momento, o gestor defendeu que o assunto fosse amplamente debatido na casa. Contudo, o vereador tenta aprovar o requerimento para que a matéria tramite em regime de urgência, que permite a análise rápida de uma proposição, até à sua decisão final. Ele dispensa algumas formalidades, prazos ou exigências regimentais.
Economia?
Apesar dos vereadores alegaram a necessidade de economizar com Carnaval, analistas apontam que o próprio Legislativo poderia colaborar com o município nesse sentido. Isso porque, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA) de 2025 sancionada pelo prefeito de Abilio Brunini (PL), a Câmara de Vereadores receberá um duodécimo de R$ 102 milhões para custear suas atividades.
O montante também deve ser utilizado para pagamento do salário dos 27 vereadores de Cuiabá, que custarão mensalmente aos cofres públicos R$ 64,6 mil. Além da remuneração, os parlamentares também contam com R$ 26,4 mil de verba indenizatória em função do mandato, R$ 9,1 mil de gratificação por desempenho e ainda R$ 3,1 mil em auxílio saúde.
Neste caso, a gratificação por desempenho é o mais polêmico, já que, na prática, se tornou uma segunda verba indenizatória. Isso porque o penduricalho garante um pagamento extra por produtividade do parlamentar que atuar em uma das 15 comissões existentes no Legislativo.
Impactos
Em meio as discussões, a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Lorenna Bezerra, disse que não houve o diálogo com o setor e pontuou que o Carnaval representa um impulso econômico essencial para a cidade, especialmente para pequenos comerciantes e prestadores de serviço.
“Tomar uma decisão dessa e proibir o Carnaval, como ele propõe, é o mesmo que dizer: ‘Pessoal, não venham para Cuiabá, vão embora daqui, porque a gente não quer vocês aqui’. O turista precisa se organizar, o empresário precisa se organizar. E a gente já vem de um mês de janeiro fraco, porque Cuiabá não é uma cidade de entrada, é de saída. As pessoas saem de férias, então a cidade morre no começo do ano. Em fevereiro e março, que temos a oportunidade de trazer turistas ou, pelo menos, manter os moradores aqui com o Carnaval, ele propõe um movimento contra isso”, afirmou Lorena
Fonte: www.gazetadigital.com.br