Por que fortalecer o core é essencial para correr sem lesões

Por que fortalecer o core é essencial para correr sem lesões
Compartilhar

Pesquisa mostra que o core atua como o centro de estabilidade do corpo, reduzindo lesões e sustentando a mecânica da corrida

Para quem corre, poucos momentos parecem tão simples quanto colocar um pé na frente do outro. Mas por trás desse gesto repetido milhares de vezes, existe um sistema complexo de transferência de força, absorção de impacto, alinhamento postural e controle fino de movimento. E, surpreendentemente, a região que comanda tudo isso não fica nas pernas, mas no centro do tronco.

Cada passada depende de uma engrenagem biomecânica que começa no core, um conjunto de músculos profundos que estabiliza o corpo antes mesmo de a perna tocar o chão. É ele que mantém a pelve alinhada, protege a coluna, controla rotações indesejadas e evita que o corredor “desmonte” à medida que a fadiga chega.

Apesar disso, muitos atletas ainda tratam o core como sinônimo de “abdômen trincado”, quando, na verdade, ele é um sistema que influencia diretamente o desempenho e a saúde do corredor. Esse papel central ficou ainda mais evidente em uma revisão científica realizada na Universidade Federal de Viçosa (UFV), que analisou 30 estudos sobre core, lesões e desempenho esportivo. A pesquisa reúne evidências importantes de que o core funciona como o centro de gravidade do corpo, contribui de maneira decisiva para a prevenção de lesões e influencia a eficiência na corrida.

O que é o core

A revisão deixa claro que o core não deve ser confundido com o “tanquinho”. Segundo os estudos, o core é um grupo muscular que engloba abdômen profundo, músculos lombares, glúteos, assoalho pélvico, diafragma e musculatura estabilizadora da coluna. Ele coincide com o centro de gravidade do corpo e, como aponta a pesquisa, é a estrutura responsável por iniciar e estabilizar praticamente todos os movimentos, do ato de caminhar até ações esportivas complexas.

Essa visão amplia a percepção do corredor sobre o próprio corpo. Em vez de pensar em força localizada, trata-se de entender uma plataforma musculoesquelética que trabalha o tempo todo para manter o alinhamento da pelve, a postura ereta e o controle do tronco durante cada fase da corrida.

Estabilidade: o superpoder do core

Entre os achados apresentados no estudo, um dos mais importantes é o papel do core como mecanismo de estabilidade central. Ele atua como um cinturão que protege a coluna de cargas nocivas, estabiliza a pelve e oferece suporte para os membros inferiores durante a corrida.

A força do core determina o quanto o corredor consegue suportar a repetição de impactos sem que o corpo se desalinhe ou entre em padrões compensatórios. Isso é importante porque a corrida é uma atividade que envolve ciclos repetitivos de força, absorção de impacto e transferência de energia.

Quando o core falha, todo o resto compensa

A revisão científica aponta que a instabilidade no core aumenta a carga sobre a lombar, os quadris, os joelhos e os músculos posteriores da coxa. O estudo revela que diversas pesquisas associam fraqueza da musculatura central a uma série de lesões comuns em corredores, como dores lombares, síndrome do trato iliotibial, desequilíbrios de quadril e estiramentos de isquiotibiais.

Um dos motivos é que o core faz parte de uma cadeia que inclui o quadril. E, dentro dessa cadeia, os glúteos desempenham papel crítico para manter a pelve estável durante a corrida. A revisão destaca pesquisas que mostram que glúteos fracos alteram o alinhamento das pernas e aumentam o risco de lesão. A cada passada, a pelve tende a desabar, levando o joelho para dentro e criando uma sobrecarga que, repetida centenas de vezes, se transforma em dor.

O core se ativa antes da perna

Outro ponto-chave da revisão é o papel neuromuscular do core. O estudo mostra que músculos estabilizadores profundos, como o transverso do abdômen e os multifídos, se ativam antes mesmo dos movimentos de pernas e braços. Essa ativação antecipada cria uma base estável para a ação do restante do corpo, protegendo a coluna e garantindo eficiência no movimento.

Quando essa ativação é atrasada, algo observado em pessoas com dor lombar ou fraqueza muscular, o risco de instabilidade e lesões aumenta. Isso reforça a importância de um core treinado não só em força, mas também em coordenação e controle motor.

Core forte previne lesões

A revisão apresenta um ponto de consenso entre diferentes estudos: o treinamento de core reduz a incidência de lesões, especialmente em esportes que envolvem movimentos repetitivos e impacto, como a corrida.

Essa prevenção ocorre por quatro mecanismos principais:

  • maior estabilidade da pelve,
  • melhor alinhamento do tronco,
  • menor sobrecarga na coluna,
  • distribuição mais eficiente das forças durante a corrida.

Nesse sentido, fortalecer o core não é apenas uma questão estética, mas uma estratégia essencial de longevidade esportiva.

 

 

 

 

Fonte: www.cnnbrasil.com.br


Compartilhar
0 0
Happy
Happy
0 %
Sad
Sad
0 %
Excited
Excited
0 %
Sleepy
Sleepy
0 %
Angry
Angry
0 %
Surprise
Surprise
0 %