O servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Mauro Ferreira Filho, apontado como um dos principais alvos da Operação Sepulcro Caiado, da Polícia Civil, que desarticulou o esquema de desvios da Conta Única do Judiciário, recebia um salário bruto de mais de R$ 36 mil mensais e era lotado na Divisão de Execução Financeira – SDCR, no cargo de Técnico de Judiciário. Ferreira é citado como o grande articulador que saqueava a conta com comprovantes falsos passados pela quadrilha de advogados e empresários. Ele está foragido.
De acordo com o Portal da Transparência, por meio de levantamento detalhado dos vencimentos, o salário bruto de Mauro Filho possui o valor expressivo de R$ 36.810,10. A composição desse montante chama atenção pela variedade das verbas recebidas.
A maior parte, R$ 14.387,09, provém de Vantagens Eventuais, que podem incluir adicionais por serviços específicos ou gratificações variáveis. Somam-se a isso a remuneração paradigma de R$ 12.763,90, as vantagens pessoais de R$ 5.790,11 e R$ 3.869,00 em indenizações.
Os descontos da previdência e imposto de renda retiram R$ 6.301,50 da remuneração, restando R$ 30.508,60.
Investigação
Segundo o delegado Pablo Cabral, responsável pela investigação, o servidor tinha acesso livre à conta única e por lá realizava os desvios de recursos para as contas dos demais membros do esquema. Por estar no Judiciário há anos, o servidor tinha conhecimento de alguns casos já em trânsito julgado e emitia comprovantes falsos de quitação de pagamento.
“O servidor que está foragido foi o único que a gente não conseguiu prender até o momento. Esse servidor conseguia fazer a movimentação da conta única do TJ, que são valores antigos, de processos muito antigos, que estão parados há vários anos. Ele movimentava esse valor da conta única do TJ para a conta vinculada ao processo. Então, o processo que tinha saldo, passava por um levantamento e acabava sendo fraudado”, explicou o delegado Pablo Cabral, responsável pela investigação.
Somente na primeira fase dessa operação, 17 processos foram alterados, somando R$ 11 milhões, há a expectativa de que o valor dobre nos próximos 10 dias com o fim do inquérito.
“No primeiro momento foram identificados processos que somam mais de 11 milhões. Sabemos que de valores extraídos já ultrapassam R$ 21 milhões”, adiantou.
Além desse servidor, outras duas funcionárias do Judiciário estão sendo investigadas, mas a polícia não conseguiu identificar a participação efetiva delas. Elas assinaram alguns documentos, levantando a dúvida se agiram por negligência (falta de cuidado ou atenção) ou conivência (participação consciente no crime).
Na tarde de ontem (30), o Tribunal de Justiça determinou a exoneração de uma servidora, que ocupava o cargo de chefe de divisão do Departamento do Funajuris e afastou preventivamente das atividades outros 3, suspeitos de envolvimento em irregularidades nas movimentações da conta de depósito judicial. Além disso, os funcionários passaram a responder sindicância investigatória, com a finalidade de apurar a existência de irregularidades no pagamento de alvarás judiciais a partir do mês de maio de 2011 até a presente data.
Todas as medidas foram determinadas pelo presidente do TJMT, desembargador José Zuquim Nogueira.
Fonte: www.gazetadigital.com.br