AMAGGI: 22 anos do adeus de André Maggi, ícone do agronegócio em MT

AMAGGI:   22 anos do adeus de André Maggi, ícone do agronegócio em MT
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Fundador do grupo Amaggi, o empresário escreveu importante página do desenvolvimento mato-grossense

Presença de André Maggi no mercado inspirou confiança e ajudou a expandir o cultivo mato-grossense

Todos os passos do empresário, colonizador e político André Antônio Maggi foram projetos bem planejados. Nenhum foi tiro no escuro.

Homem que enxergava além da linha do horizonte, misturando o feeling espontâneo com a força do trabalho, a lisura de seus atos, o respeito aos seus funcionários e mantendo sempre efervescente seu sangue ítalo-alemão, André Maggi fez da vida uma enciclopédia de exemplos que devem ser seguidos.

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De 3 de janeiro de 1927, em Torres, no litoral gaúcho, quando chorou pela primeira vez, a 22 de abril de 2001 – portanto, há 22 anos – na capital paulista, quando fechou os olhos para sempre, semeou mais que as sementes que o fizeram líder mundial na produção agrícola: esteve à frente da grande transformação econômica e social que tirou Mato Grosso do desconforto de estado periférico e o levou à condição de peça-chave da política de segurança alimentar mundial.

Aos 74 anos, André Maggi estava internado no Hospital do Coração, na cidade de São Paulo, onde sofreu um ataque cardíaco fulminante.

O empresário enfrentava graves problemas de saúde, em consequência de dois acidentes sofridos: um rodoviário e outro aéreo.

Debilitado, usava aparelho auditivo e há algum tempo estava afastado dos negócios.

Deixou a viúva Lúcia Borges Maggi e os filhos Fátima, Rosângela, Marli, Vera e Blairo, genros, nora e netos.

Velado em Sapezal, Rondonópolis e São Miguel do Iguaçu (PR), onde seu corpo foi sepultado, André Maggi tem sua memória perpetuada em seus exemplos, na sequência de sua atividade empresarial por seus descendentes, e por homenagens que são conferidas à sua memória em escolas nos municípios de Rondonópolis, Feliz Natal, Novo Mundo e outros, além de avenidas, rodovia e residenciais.

Em 1979, quando Mato Grosso era acanhado produtor de soja, lavoura dominada pelo Rio Grande do Sul e Paraná, André Maggi transferiu a sede de seus negócios de São Miguel do Iguaçu (PR) para Rondonópolis, no entorno da qual comprou fazendas, iniciou o cultivo daquela leguminosa, entrou no mercado de commodities e fundou a Sementes Maggi (embrião do grupo Amaggi).

Quando dos primeiros passos de André Maggi em Mato Grosso, a produção da soja concentrava-se em Rondonópolis, Itiquira, Alto Garças e Jaciara e era feita basicamente por agricultores oriundos do Paraná – e que o conheciam desde São Miguel do Iguaçu.

Sua presença no mercado inspirou confiança e ajudou a expandir o cultivo mato-grossense.

Algum tempo após a chegada de André Maggi, seu filho Blairo Maggi, recém-formado em agronomia, também se mudou para Mato Grosso e passou a compartilhar com o pai a gestão do grupo empresarial da família.

André Maggi viu que a soja avançaria em todas as direções. Proprietário de áreas no Chapadão do Parecis, o empresário destinou 364 hectares para a fundação de uma vila no município de Campo Novo do Parecis, à qual deu o nome de Sapezal.

Em junho de 1988, o arquiteto Adilton Sachetti e o engenheiro civil José Renato Fagundes entregaram o projeto urbanístico do lugar ao seu colonizador, que o aprovou.

Agora, comarca e cidade com alto padrão residencial, Sapezal é sede de um dos principais municípios agrícolas do mundo.

O Chapadão do Parecis é a maior extensão de terra agrícola contínua no mundo.

São 22 milhões de hectares em Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.

André Maggi previa o boom da produção naquela região e tratou de criar um multimodal rodohidroviário de transporte para seu escoamento.

Assim nasceu a Hermasa Navegação da Amazônia, que embarca commodities agrícolas no rio Madeira, em Porto Velho, e as escoa pela Hidrovia do Madeira até Itacoatiara (AM) na foz no rio Amazonas, onde seu grupo faz transbordo ao largo e opera uma indústria de esmagamento de soja.

Cerca de um quarto da produção da cadeia da soja, algodão e milho mato-grossenses passa pela Amaggi, quer seja com seu financiamento, compra, transporte ou industrialização.

Estratificar o grupo Amaggi requer números superlativos.

Em 2009, alegando razões logísticas, o grupo Amaggi transferiu sua sede para Cuiabá, onde instalou-se numa avenida que leva o nome de seu fundador.

Com destaque no mercado das commodities a bandeira criada por André Maggi se faz presente na Argentina, China, Singapura e em outros países. Regionalmente, o grupo cultiva lavouras, opera transporte rodoviário e fluvial, gera energia e ocupa uma fatia do mercado das trades do agronegócio.

Fora do agronegócio, no campo político, André Maggi elegeu-se para a prefeitura de Sapezal em 1996, com 869 votos, pelo PDT, em candidatura única.

Antes da posse combinou com seu vice-prefeito Aldir Schneider e os vereadores que todos abririam mão de seus salários em benefício do município.

Vítima de um acidente o prefeito licenciou-se para tratamento médico fora de Mato Grosso.

Ao retornar ao cargo deparou-se com a quebra de palavra empenhada pelo vice e a vereança.

Desgostoso, renunciou e o vice assumiu seu lugar. Em 2000, Schneider conquistou mandato de prefeito, permanecendo na função por mais quatro anos.

O filho Blairo é um dos maiores nomes da política mato-grossense.

Foi suplente de senador, governador em dois mandatos consecutivos eleito em primeiro turno, senador e ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Governo do presidente Michel Temer.

Fonte:  diariodecuiaba.com.br


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