DEU EM A GAZETA: Documento do inquérito da Deccor e da Justiça desmente governador

DEU EM A GAZETA: Documento do inquérito da Deccor e da Justiça desmente governador
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O governador Mauro Mendes (União) afirmou que a Operação Espelho, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), que apura um suposto cartel para fraudar contratos da saúde do Estado, começou após a própria Secretaria de Estado de Saúde (SES) denunciar as supostas irregularidades envolvendo as empresas e agentes públicos. Porém, a fala do governador é desmentida por documentos contidos na própria investigação.

‘Você sabe como é que começou aquele inquérito? Foi uma denúncia feita pela própria Secretaria de Saúde. Uma denúncia feita pela própria Secretaria de Saúde que começou aquele inquérito. Isso a Gazeta devia mostrar também. Que foi uma denúncia de partiu de dentro da Secretaria de Saúde pra que fossem investigadas pessoas que pudessem estar praticando atos’, disse o Mauro Mendes ao ser questionado sobre o escândalo no domingo (30).

Contudo, os autos do inquérito policial aberto pela Deccor aponta que a denúncia ocorreu de forma anônima, quando informou das supostas fraudes perpetradas no Hospital Metropolitano de Várzea Grande pela empresa L. B. Serviços Médicos, enquanto da vigência dos contratos nº 098/2020 e nº 102/2020.

Documentos 'Mulher da SES'

A informação também consta na decisão da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que ao decretar os mandados de busca e apreensão contra a empresa, autorizou a quebra do sigilo telemático, e que culminou na descoberta do cartel e participação de agentes públicos.

Print do documento da denúncia anônima

Print do documento da denúncia anônima Mauro Mendes também questionou a veracidade das últimas reportagens do jornal A Gazeta sobre o assunto e criticou a divulgação, alegando que até agora não teria conhecimento prático nenhum.

‘Perguntei nas áreas internas do governo se tinha uma coisa prática com relação aquilo e disseram que não. Eu não posso me movimentar porque saiu na Gazeta ou saiu no site, ou saiu em algum lugar. Eu me movimento oficialmente. Vi aquilo, perguntei aos canais oficiais do governo. Tem alguma coisa concreta? Não, não tem. Então pra mim aquilo é conversa que eu não posso ficar levando em consideração’, completou.

Todas as informações que A Gazeta trouxe, sobre o pagamento de Denúncia de cartel aproximadamente R$ 10 milhões para empresas mesmo após as orientações da Controladoria Geral do Estado (CGE) e de decisões judiciais nas duas fases da operação, as empresas envolvidas continuaram recebendo por meio de indenização, e a ausência de agentes públicos nas investigações, já que são eles que autorizam os pagamentos, foram tirados das 3178 páginas que a reportagem teve acesso.

Documentos 'Mulher da SES'

Citação da ‘Mulher da SES’

Mendes também acusou a reportagem de A Gazeta de prática de misoginia, por ter usado o termo ‘Mulher da SES’, para identificar a suposta agente pública que orientava o cartel a vencer licitações ‘Mulher, qual o nome da mulher? Lá tem duas mil mulher (sic). Eu acho que a Gazeta está sendo preconceituosa contra as mulheres. Quando fala desse jeito, isso é uma discriminação, um afronta às mulheres. Coloca o nome, sobrenome, e aí sim nós vamos verificar se tem algo concreto. Tendo algo concreto, nós vamos sempre fazer alguma coisa. Agora uma mulher da SES, lá tem milhares de mulheres que merecem respeito e não pode ser tratado pela Gazeta dessa forma’, disse em tom irritado.

 

Documentos 'Mulher da SES'

Contudo, o termo usado partiu dos próprios investigadores da Polícia Civil, que estão à frente das investigações e registram nos documentos oficiais do inquérito. A reportagem apenas divulgou o que a polícia do governo Mauro Mendes denominou como ‘Mulher da SES’. O curioso é que o termo foi interceptado pela Deccor, que através das mensagens poderia identificar o telefone de quem teria enviado a mensagem ao empresário, que a denominou como ‘Mulher da SES’.

Por que a Deccor ainda não identificou a ‘Mulher da SES’? Ou se identificou, por que ocultou a sua identidade? Esses questionamentos só os investigadores do inquérito poderão responder. Nas mensagens em que aparece o termo ‘Mulher da SES’, ocorreu entre do empresário Osmar Gabriel Chemin com Luiz Gustavo Ivoglo.

Os investigadores entenderam que a mensagem confirma a ordem dos contratos que saíram em benefício de Osmar e Gustavo em razão de Osmar ter seguido as orientações dessa terceira pessoa que disse: ‘Todas de vocês. Só façam do jeito que eu falei’. ‘Sobre o agente público que auxilia o grupo dentro da SES, Osmar encaminha um texto de terceira pessoa que aponta uma orientação recebida para vencer as licitações de Sinop, Alta Floresta, Sorriso e Colíder.

Agentes Públicos

O governador também questionou que não teria como investigar nenhum servidor através de Procedimento Administrativo Disciplinar porque as investigações não apontaram nenhum nome.

Para além da ‘Mulher da SES’, os empresários que compõe o cartel, cita vários outros servidores do Estado, que se encontram no inquérito e que não foram alvos de nenhuma diligência, incluindo o ex-controlador Geral do Estado (CGE), Emerson Hideki Hayashida, que, com status de secretário, levaria a investigação para segunda instância, envolvendo o Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco) do Ministério Público de Mato Grosso e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

Vazamento

O governador ainda criticou o vazamento das investigações afirmando que pretende abrir um PAD para descobrir como A Gazeta teve acesso aos documentos. ‘Quer dizer que vocês estão vazando informações, vou mandar abrir um PAD para saber de onde está vazando essas informações, se é que estão vazando’, disse ao encerrar o assunto bastante irritado.

A reportagem de A Gazeta zela pelo bom jornalismo e está amparada no que está previsto na Constituição Federal, no art. 5º, inciso XIV, o qual assegura o direito de acesso à informação, ‘resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional’.

O suposto cartel que domina os contratos na saúde do Estado desde o início da pandemia da covid-19 é um assunto de relevância social e A Gazeta continuará atuando de forma isenta, sempre ouvindo todos os lados, e apresentar ao leitor os fatos da notícia, cabendo a ele interpretar da maneira que achar melhor.

Documentos 'Mulher da SES'
Fonte: gazetadigital

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