Guerra na Ucrânia: o significado histórico – e estratégico – da visita de Zelensky a Washington

Guerra na Ucrânia: o significado histórico – e estratégico – da visita de Zelensky a Washington
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Zelensky e Biden se encontraram na Casa Branca, nos EUA, nesta quarta-feira

Em uma visita descrita como histórica pela imprensa americana e por figuras como a líder democrata Nancy Pelosi, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, esteve nesta quarta-feira (21/12) em Washington D.C., nos Estados Unidos, onde se reuniu com o presidente americano, Joe Biden, e discursou no Congresso.

Os parlamentares americanos ovacionaram Zelensky durante o discurso, no qual o ucraniano afirmou que a ajuda financeira e militar que os EUA vêm fornecendo não são “caridade”, mas um investimento na segurança global.

“O dinheiro de vocês não é caridade”, disse Zelensky.

“É um investimento na segurança global e na democracia, com o qual lidamos da forma mais responsável possível”, continuou, acrescentando que os americanos poderiam “acelerar nossa vitória.”

“Nossas duas nações são aliadas nessa batalha e o ano que vem será um ponto decisivo, seu sei disso.”

Biden anunciou mais auxílios à Ucrânia, incluindo um sistema com mísseis Patriot — um recurso importante para as defesas aéreas. O Congresso americano está atualmente debatendo um projeto de lei que pode fornecer mais de US$ 40 bilhões (R$ 208 bilhões) em ajuda adicional ao país comandado por Zelensky.

Em uma entrevista coletiva anterior ao discurso no Congresso, Biden também se pronunciou.

“O povo americano sabe que, se ficarmos parados diante de ataques flagrantes à liberdade, à democracia e aos princípios fundamentais de soberania e integridade territorial, o mundo certamente enfrentará consequências piores”, declarou o presidente americano.

Comparações com Segunda Guerra Mundial

Fazendo um paralelo entre a Segunda Guerra Mundial e a invasão da Ucrânia pela Rússia, Pelosi comparou o momento ao discurso que o primeiro-ministro britânico Winston Churchill fez ao Congresso americano em 1941, poucos dias após o ataque japonês a Pearl Harbor e à entrada dos americanos na guerra.

A líder do Partido Democrata também enviou uma mensagem diretamente a Zelensky afirmando que “a América e o mundo reverenciam o heroísmo do povo ucraniano”.

Apesar de ser a primeira viagem ao exterior feita pelo presidente ucraniano desde o início da guerra, não é o primeiro encontro presencial dele com Joe Biden em Washington.

Recentemente, Zelensky disse à BBC que havia temor de que os russos passassem a cogitar uso de armas nucleares no conflito

Os dois se encontraram em setembro de 2021 – no que foi, então, a primeira visita de um líder da Ucrânia à Casa Branca em quatro anos.

Mas quais são os significados desta viagem de Zelensky aos Estados Unidos?

O correspondente da BBC News para a América do Norte, John Sudworth, aponta que se trata de uma “diplomacia televisionada”.

“A imagem de um líder em tempo de guerra, lutando para resistir contra um poder autoritário invasor, enquanto decide viajar pelo mundo para aparecer pessoalmente no coração da democracia dos Estados Unidos, está gerando comparações na imprensa com a viagem de Winston Churchill durante o Natal de 1941.”

Espera-se que a segurança seja reforçada em Washington – o planejamento da visita foi mantido em segredo até algumas horas antes da decolagem do avião de Zelensky.

Uma carta de Pelosi pediu aos membros que estivessem no Congresso para um evento com, segundo ela, “um foco especial na democracia”.

E então veio o tuíte do presidente ucraniano: “A caminho dos Estados Unidos para fortalecer a resiliência e as capacidades de defesa da Ucrânia”.

O correspondente da BBC afirmou que a visita do ucraniano tem a ver também com circunstâncias internas dos EUA.

“Com os republicanos prestes a assumir o controle do Congresso no Ano Novo, e alguns em suas fileiras levantando preocupações sobre o financiamento de cheques em branco para a guerra, fica claro que a visita do presidente Zelensky é uma oportunidade para aliar um poderoso simbolismo aos propósitos estratégicos de garantir recursos antes que a oposição a Biden controle a Câmara”, analisa Sudworth.

Fonte:    bbc.com

bbc.com


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