Segundo o prefeito cuiabano foi criada uma espécie de ‘caixa preta’ pelos interventores e que a situação é gravíssima a ponto dele estar pensando em não aceitar a pasta de volta no final do ano
O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) revelou que está reunindo dados e documentos para realizar nos próximos dias uma grave denúncia contra o Gabinete de Intervenção do Estado na Secretaria Municipal de Saúde da capital. Durante entrevista a um programa de rádio, Pinheiro afirmou que os interventores criaram uma “bomba relógio” para a administração municipal e que ele não vai aceitar de forma alguma.
Evitando aprofundar as informações, o prefeito cuiabano antecipou que recebeu informações sobre “fatos gravíssimos” que estão sendo praticados e mantidos sob sigilo pelos interventores do estado. “É uma verdadeira ‘caixa preta’ que está lacrada. Quero fazer a denúncia gravíssima que recebi, que estudei muito bem no final de semana passado e passei para os advogados avaliarem”, disse o gestor.
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A fala de Pinheiro é claro recado para os adversários que tem promovido um cerco judicial à sua administração. O prefeito está saindo da posição de defesa para o conta que depois de ter sido declarado inocente pelo Ministério Público na acusação de desvio de finalidade na aplicação de recursos federais destinados ao combate a Covid 19 no município. O MPF determinou há duas semanas o arquivamento de inquérito originado em uma denúncia sem provas feita pelo Governo do Estado.
Ainda segundo o prefeito, diante da extensão e gravidade do que ele classifica como “bomba relógio” para a administração municipal armada pelo Gabinete de Intervenção, ele pediu aos advogados um parecer sobre a possibilidade de recusar a gestão da Saúde em Cuiabá após o fim do período de intervenção no mês de dezembro próximo. “Eu disse: não é possível que isso seja verdade, porque, se for, já até liguei para os meus advogados perguntando se eu podia não aceitar a Saúde de volta”, continuou.
Para Emanuel Pinheiro, o gabinete de intervenção está fazendo uma gestão desastrosa e temerária, repleta de irregularidades que vão complicar ainda mais o já difícil quadro gerencial do sistema de saúde do município. “Eles já fizeram a inhaca, induziram as autoridades e a população ao erro. Eles vão me entregar uma bomba, uma caixa preta que Cuiabá vai levar tempo para poder recuperar. Estou muito preocupado porque eles estão arrebentando com o SUS de Cuiabá para depois me entregar só a carcaça e falar que eu sou o culpado”, concluiu.
A INTERVENÇÃO
A intervenção foi julgada e aprovada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) no dia 9 de março, após a Assembleia Legislativa ter aprovado o texto do decreto em plenário, por 20 votos a dois. A intervenção foi determinada pelo TJMT atendendo à um pedido feito pelo Ministério Público do Estado a partir de uma solicitação do Sindicato dos Médicos que reclamava que a Prefeitura de Cuiabá não vinha cumprindo uma série de decisões judiciais favoráveis à categoria.
No pedido do Sindimed, também se acrescentou denúncias de que havia “caos generalizado” na gestão do sistema municipal de saúde, desvios de recursos, falta de medicamentos, filas de cirurgias eletivas paralisadas, fechamento de leitos de UTI, entre outros problemas. Na decisão do TJMT, ficou consignado que a intervenção seria de 180 dias e que deveriam ser priorizados recursos do orçamento “para atender as ordens judiciais descumpridas e para disponibilizar exames e medicamentos atrasados”. No entanto, decisão concedeu aos interventores poderes ilimitados para gerir a pasta.
Posteriormente, a intervenção foi prorrogada até 31 de dezembro.
INVESTIGAÇÃO NA SES-MT
Para Emanuel Pinheiro, não resta dúvida de que a intervenção do estado na pasta da saúde do município serviu de “cortina de fumaça” para encobrir irregularidades graves na Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT). O prefeito lembrou que há indícios de irregularidades muito graves em vários setores da saúde estadual que precisam ser apuradas pelos órgãos de controle e que na semana passada, devido a omissão de órgãos de fiscalização do estado, a Polícia Federal (PF) entrou no caso para investigar um suposto esquema de desvios de dinheiro público destinado ao combate da Covid-19, envolvendo empresas e a Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso.
Conforme Pinheiro, enquanto a Secretaria de Saúde de Cuiabá é alvo permanente de in- vestigações, na SES-MT teria sido gestado “o maior escândalo de corrupção de Mato Grosso que já foi detectado”. Para o prefeito cuiabano, a apuração das suspeitas de irregularidades no setor de saúde do estado vem tarde, mas ainda em tempo de se descobrir os responsáveis por um “rombo” que pode chegar a R$ 300 milhões.
“Tem irregularidades em todos os hospitais regionais que até então não tinha o devido conhecimento do público e por parte das autoridades”, denunciou Emanuel Pinheiro.
Fonte: copopular.com.br