MT: UMA REGIÃO, MILHÕES DE ANOS: Mar, deserto, vulcões e dinossauros: a história de Chapada

MT:  UMA REGIÃO, MILHÕES DE ANOS:   Mar, deserto, vulcões e dinossauros: a história de Chapada
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A cidade foi inscrita por pesquisadores da UFMT para se tornar um Geoparque Unesco

Cidade turística mais conhecida de Mato Grosso, Chapada dos Guimarães já foi mar, deserto e região vulcânica, além de ter sido habitada por uma espécie de dinossauro que só viveu ali.

Todas essas riquezas históricas, construídas durante centenas de milhões de anos, ficaram registradas, por exemplo, nas rochas presentes na cachoeira Véu de Noiva, no mirante e nos famosos paredões.

Essas rochas que estão em Chapada foram formadas no fundo do oceano, que depois virou uma cordilheira, parecida com o Himalaia

Para além desses lugares mais conhecidos, o chamado geopatrimônio, que engloba os minerais, as rochas, os fósseis e formas de relevo, pode ser encontrado em 28 pontos turísticos de Chapada. Por isso, foi sancionada uma lei que imputou à cidade o título de “Capital Estadual da Geodiversidade”.

Em razão disso, os geólogos e professores da Faculdade de Engenharia de Minas da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Caiubi Kuhn e Flávia Santos, decidiram coordenar pesquisas em diversas áreas de Chapada para contar a história de transformação que a região foi submetida ao longo do tempo.

Essas pesquisas resultaram nas publicações de duas edições do livro “Geoparque de Chapada dos Guimarães“.

“Nós temos três tipos de rochas lá. As rochas ígneas, provenientes de vulcão, rochas sedimentares, que são principalmentes as rochas dos paredões, das cachoeiras, e rochas metamórficas, que têm na base das cachoeiras, fora as outras estruturas, como as cavernas em arenito, que são mais raras que cavernas em calcário”, explicou a professora.

“Essas rochas que estão em Chapada foram formadas no fundo do oceano, que depois virou uma cordilheira, parecida com o Himalaia. Depois de muito tempo, essa cordilheira foi sendo erodida, e o mar encobriu essa região de novo, por um período de tempo não tão longo, de alguns milhões de anos, e formaram as rochas que estão lá na caverna Aroe Jari”, completou Caiubi.

Segundo ele, esse processo de abertura e fechamento de um oceano, causado pela movimentação das placas tectônicas, aconteceu ao menos três vezes em Chapada. O mais recente há aproximadamente 360 a 410 milhões de anos.

“Em cima das rochas desse mar, nós temos as rochas do deserto, que ocorreu por volta de 140 a 150 milhões de anos. Depois disso, nós tivemos um vulcanismo, que aconteceu em Chapada por volta de 84 milhões de anos”.

Após esse período, foram formadas as rochas onde foram encontrados os fósseis do dinossauro da espécie Pycnonemosaurus nevesi, que viveu ali de 84 a 66 milhões de anos atrás. “Já nas rochas mais recentes, são encontrados os diamantes, que são os conglomerados da formação Cachoeirinha. Estamos falando de rochas de 40 a 30 milhões de anos”, contou Caiubi.

“Além disso, também temos estruturas que mostram animais marinhos, como fósseis e conchas, os fósseis de dinossauros carnívoros e herbívoros, além de tartarugas e crocodilos”.

“Então, isso ajuda a contar a história do planeta e a explicar tanto para os turistas quanto para os estudantes o que existe de história e como ela foi construída. Poucos lugares do mundo têm essa diversidade para relatar tantos processos num pedaço tão pequeno do planeta”.

Dinossauro de “tchapa e cruz”

Os fósseis do dinossauro chapadense, que recebeu o nome científico de Pycnonemosaurus nevesi, foram descobertos na região em 2002, por outros pesquisadores. A tradução de Pycnonemosaurus seria “lagarto da floresta espessa”.

Morfologicamente parecido com o famoso T-Rex, o animal também se sustentava em duas patas traseiras, já que as dianteiras eram curtas.

Após exploração desses fósseis, foi constatado que o animal media em torno de sete a nove metros de comprimento e chegava até a quatro metros de altura, podendo pesar duas toneladas.

“É uma espécie de dinossauro que é de “tchapa e cruz”, nascido, crescido e morto em Chapada. Era um dinossauro carnívoro, grande, da família dos Abelissauros”, disse Caiubi.

“Os Abelissauros são um pouco parecidos com o T-Rex, mas eram mais inteligentes. O T-Rex, lá na América do Norte, e o Abelissauro aqui. Vale dizer que eles não necessariamente viveram no mesmo tempo geológico”, completou.

Geoparque aspirante Unesco

Os professores buscam conseguir que Chapada dos Guimarães receba o título de Geoparque Unesco, diante de sua importância geológica, que tem valor internacional.

Não somente um título, se tornar um Geoparque é um modelo de gestão territorial, e grande aliado da conservação e do desenvolvimento dessa região, que é fomentado, principalmente, através do geoturismo. Dessa forma, tanto o poder público quanto outras instituições empenham maior esforço na criação de políticas locais.

“A gente saiu do status de projeto, que era quando o primeiro livro foi lançado, para se tornar um Geoparque aspirante Unesco. Hoje, oficialmente, estamos com a candidatura posta para sermos reconhecidos como Geoparque Unesco, que é uma oportunidade e uma chancela internacional, que ajuda a dar visibilidade para Chapada dos Guimarães, e dar destaque ao que tem naquela região em termos de patrimônio geológico”, explicou Caiubi

“Então, além de dar visibilidade e auxiliar no desenvolvimento regional, é uma forma de comprovar que Chapada dos Guimarães está alinhada com as premissas de desenvolvimento sustentável, e que tem uma preocupação muito grande em criar um modelo que inclua a população”.

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Fonte:  midianews.com.br


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