NATAL SEM VIOLÊNCIA, SEM GUERRA E SEM FOME

NATAL SEM VIOLÊNCIA, SEM GUERRA E SEM FOME
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“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Frase atribuida a Jesus Cristo aos seus discípulos como constam do Evangelho de São João, Capítulo 10, versículo 10.

“Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, comecou a chorar”, situação narrada no Evangelho de Lucas, capítulo 19, versículo 41.

Estamos, novamente, nos aproximando do NATAL, quando os cristãos (Católicos romanos, católicos Ordodoxos e Evangélicos), que representam mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo ou 31,1% da população total, estarão “comemorando”, celebrando o nascimento de Jesus Cristo, há mais de dois mil anos.

Fico imaginando que, com certeza neste momento Cristo ao olhar o mundo, o PLANETA TERRA, em um processo acelerado de degradação e destruição ambiental/ecológica,  vendo tantos conflitos e violência, piores do que quando aqui pelo nosso planeta caminhou durante sua vida terrena, onde a guerra é algo concreto, como na Faixa de Gaza, na Ucrânia, na África e na Ásia, onde milhões de pessoas sofrem os maiores horrores diariamente, deve ficar muito triste, imaginando que seu sacrifício na cruz foi em vão.

O Natal ao longo dos tempos deixou de ser uma celebração religiosa para se tornar um tempo de muito consumismo, gastança e alienação, com mensagens de cumprimentos efusivos, muita comilança, esquecendo que existe outra realidade, bem mais cruel do que as “nossas” comemorações e euforia.

Se Cristo, esta criança inocente que imaginamos em uma manjedoura, na verdade nascido em uma estrebaria, ou seja, sem um teto digno para abrigá-lo, como dezenas de milhões de crianças que nascem na pobreza e nem sequer completam um mes, um ano ou cinco anos de vida e os que sobrevivem `a miséria, acabam sucumbindo em meio a exclusão, `a discriminação, `a violência, prisioneiros das drogas e do crime organizado. Para essas pessoas não existe feliz natal.  Nada disso a gente lembra quando comemoramos o Natal em família ou com amigos e amigas.

No mundo, em 2022, de acordo com dados da ONU existem mais de 735 milhões de pessoas famintas, das quais mais de 7,9 milhões morrem anualmente de fome. Isto afronta a mensagem dessse Cristo que clebramos no natal e que disse aos seus discípulos “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

Por essas pessoas, vitimas inocentes que sofrem as consequências da violência, da miséria, da exclusão, do preconceito, do racismo e das guerras Jesus continua chorando diuturnamente, ante o ódio, `a falta de solidariedade que estão muito distantes da mensagem de nosso Mestre!

Com certeza, este mesmo Cristo que celebramos o seu nascimento, também deve estar chorando ao ver tantas guerras, como o que está acontecendo com o povo palestino que vive confinado em uma pequena faixa de terra, onde dezenas de milhares já morreram, inclusive mais de 12 mil crianças inocentes e muito mais vivem com fome, impedidos de receberem sequer alimentos e água. Em vez de brinquedos ou comida essas crianças estão recebendo bombas e destruição.

Da mesma forma, Jesus deve estar chorando quando olha o que esta acontecendo na Ucrania, onde milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas e vagam sem destino por outras regiões e paises e centenas de milhares de militares e civis morreeram e um número muito maior tem sido feridos.

Enquanto isso, o mundo gasta mais de Sete trilhões de dólares subsidiando combustíveis fósseis, esses mesmos combustiveis que são a causa principal do aquecimento global e da crise climática.

E, de forma semelhante, as máquinas de guerra, principalmente dos paises mais poderosos do mundo, incluindo a União Européia, a Rússia, a China, a Índia, os EUA, o Japão e tantos outros países, gastam por ano mais de quatro trilhões de dólares para fabricar armas que, em lugar de paz, só provocam destruição, sofrimento e Morte.

Parece que a humanidade, principalmente os poderosos, aqueles que decidem o destino de milhões e bilhões de pessoas, jamais entenderam a mensagem deste Cristo que “celebramos” em cada natal, quando Ele disse “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Evangelho de São João, 14:27).

Oxalá, todas as pessoas no mundo inteiro pudessem celebrar realmente em paz, harmonia, com dignidade, solidariedade verdadeira e a plenitude de vida o NATAL, aí, sim, poderiamos dizer “FELIZ NATAL”.

Enquanto isto não é possível, cabe-nos nutrir a esperança e lutarmos de todas as formas possíveis para que mudanças profundas ocorram não apenas nos corações de cada pessoa, mas também em todos os países e possamos viver sob o primado da Justiça, da Equidade, da Solidariedade, da Sustentabilidade e da Dignidade da pessoa humana.

Este, para mim, é o verdadeiro sentido e signficado do Natal, fora disso, estamos diante de palavras vazias que estão longe das mensagens deixadas pelo Jesus a quem “celebramos” nesta data simbólica.

Juacy da Silva, professor titular, aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email profjuacy@yahoo.com.brr Instagram @profjuacy Whats app 55 65 1 9 9272 0052


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